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Com dívida alta e contas penhoradas, Portuguesa sobrevive com aluguel do Canindé

Com cerca de R$ 350 milhões em dívidas e as contas penhoradas pela Justiça, a Portuguesa tem sobrevivido graças ao aluguel do estádio do Canindé para eventos. As negociações com as empresas que utilizam o espaço são feitas em dinheiro em espécie. Se cair na conta do clube, como aconteceu com o R$ 1,4 milhão recebido para disputar a Série A2 do Campeonato Paulista, o valor é bloqueado. São aproximadamente 500 processos enfrentados pela Lusa na Justiça.

Os alugueis fazem a Portuguesa tentar manter seus compromissos financeiros. Na última semana, foram quitados os salários de junho - ou seja, os pagamentos estão dois meses atrasados. Por outro lado, torcedores e conselheiros criticam o fato de a Lusa ter de jogar fora do Canindé. A equipe foi eliminada na primeira fase da Copa Paulista e não tem mais compromissos neste ano.

Em junho e julho, por exemplo, o estádio ficou à disposição de uma empresa que organiza festas juninas. A Portuguesa recebeu R$ 700 mil pelo aluguel, mas só pôde utilizar o Canindé a partir da sétima rodada da Copa Paulista, última esperança de voltar a uma competição nacional em 2020, ano do centenário do clube. Eliminada precocemente, disputará apenas a Série A2 do Campeonato Paulista e a Copa Paulista na próxima temporada.

"No ano passado, a Copa Paulista começou em agosto. Alugar o Canindé em junho e julho teoricamente não afetaria neste ano, mas definiram em maio que o campeonato começaria em junho. Ou eu não cumpria o contrato ou procuraria outro estádio para jogar as primeiras rodadas. É o único jeito de conseguir pagar os funcionários", defendeu-se o presidente do clube, Alexandre Barros, em entrevista ao Estado.

Barros assumiu a Portuguesa em janeiro de 2017 e tem mandato até o fim deste ano. Casado e com dois filhos, ele tem as próprias contas bloqueadas pela Justiça por ser presidente da Lusa. São cerca de R$ 20 mil travados e a impossibilidade de ter bens em seu nome ou realizar transações em banco desde dezembro de 2017.

As negociações são feitas em dinheiro em espécie, e Barros diz ter todos os comprovantes. Ele afirma que as contas de seus mandatos não foram aprovadas pelo Conselho de Orientação e Fiscalização (COF) do clube por causa da falta de formação do órgão. "Nada é por fora, tenho tudo assinado."

O presidente diz que assumiu a Portuguesa com 12 meses de atraso salarial e orgulha-se de ter diminuído o número de funcionários (de aproximadamente 100 para 45) e as despesas mensais do clube. Também afirma que são cerca de 5% de processos trabalhistas de pessoas que saíram da Lusa durante a sua gestão, enquanto a média anterior era de 90%.

Em relação ao futebol, Barros admite que os resultados foram aquém do esperado. "Fico chateado. Queria ter os melhores aqui, mas o que adianta ter e não conseguir pagar? Vai criar mais problemas para o futuro. Para quem está de fora, o projeto é lindo. Mas não tem receita para isso", diz.

Como a Portuguesa não tem mais jogos em 2019, conselheiros e torcedores pediram a antecipação da eleição presidencial que acontecerá na primeira quinzena de dezembro. Barros afirma ser favorável, mas rechaça a ideia por receio de haver uma impugnação do resultado. O estatuto do clube diz que mudanças devem ocorrer a pelo menos 120 dias da eleição. O presidente diz que não decidiu-se sobre tentar a reeleição.

LEILÕES E TOMBAMENTO - O Canindé já foi diversas vezes a leilão e tem mais dois marcados para os dias 16 e 17 de setembro. Para o primeiro, o departamento jurídico do clube conseguiu um efeito suspensivo para a possível compra. A Lusa trabalha para tentar anular o outro.

Barros diz não temer os leilões. Ele lembra que 45% do terreno é da Portuguesa e restante é cedido pela Prefeitura de São Paulo até o fim de 2092. "Duvido que alguém compre. São muitas questões que levarão a uma briga judicial. O Brinco de Ouro (estádio do Guarani) foi comprado em 2015 e não levaram até agora", aposta.

Além dos leilões, o Canindé ainda vive a expectativa de ser tombado. Torcedores da Portuguesa já realizaram o pedido ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Compresp) e aguardam a decisão.

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