Você já ouviu falar de birdwatching? De turismo de observação de aves? Alguém já te convidou para passarinhar na sua cidade? Não?
Pois saiba que a prática de observação de pássaros tem sido cada vez mais comum em muitos municípios brasileiros. Percebendo essa tendência, prefeituras e empreendedores de turismo lançam iniciativas para fomentar e incentivar o birdwatching.
Bom para os observadores, ótimo para a economia e para a preservação ambiental das cidades.
“O birdwatcher ético respeita os animais e o meio ambiente, procura causar o menor impacto possível e volta do passeio apenas com boas lembranças”,4 4afirma o passarinheiro José Dionísio Bertuzzo, que mora em Campinas e costuma viajar por todo o Brasil para observar e fotografar aves, inclusive na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte).
Exatamente esse perfil de turista motivou a Prefeitura de São José dos Campos a lançar iniciativas para o fomento do birdwatching, como o Avoando SFX - Festival de Observação de Aves, que aconteceu em julho com atividades no distrito de São Francisco Xavier e em parques urbanos da cidade.Além de promover passeios para observação de aves, o evento contou com oficinas, palestras e exposições sobre a atividade.
“Nós estamos trabalhando para transformar São Francisco Xavier num polo de observação de aves. Nosso foco principal não é o turismo, ele está em segundo plano, nosso objetivo é aumentar a consciência da relevância ambiental para o distrito”, afirma Alberto Queiroz, gestor de projetos em São Francisco Xavier. Segundo ele, o distrito abriga cerca de 360 espécies de aves.
A consequência da iniciativa da prefeitura, porém, vai muito além da questão ambiental. O aquecimento da atividade deve girar a roda da economia: mais turistas, maior taxa de ocupação nas pousadas, maior movimento nos bares, restaurantes e comércio, mais empregos, aumento da renda.
E a tendência do birdwatching no Brasil e no mundo é de crescimento, já que quanto maior o conhecimento do passarinheiro, mais ‘viciante’ é a atividade.
“Você começa a estudar as aves, o seu comportamento, daí quer um equipamento melhor4 4 para fotografar, começa a viajar para encontrar espécies diferentes, raras”, diz Bertuzzo.
Resumindo: o birdwatcher é um turista cativo, fiel à atividade e com consciência ambiental. Um agente multiplicador, que divulga os pontos de observação com suas fotos.
Mas Bertuzzo faz questão de ressaltar que é possível ‘passarinhar’ em qualquer lugar. “Você pode observar aves em praças, parques ou até mesmo na janela do seu apartamento. Primeiro tem que abrir a mente, ouvir, perceber os diferentes cantos. Se gostar, vai querer mais”, afirma Bertuzzo, que se interessou por birdwatching após assistir a uma reportagem sobre a Regua (Reserva Ecológica Guapiaçu), do Rio de Janeiro.
O guia de observação de aves Marcos Eugênio Cursino, de São José dos Campos, ressalta ainda que a atividade ajuda a aliviar o estresse. “Faz bem para a saúde mental e física, aumenta a capacidade de atenção e estimula os sentidos, principalmente a audição e a visão.”
Os números são imprecisos, mas dados da BirdLife International indicam a existência de mais de 10 mil espécies de aves no mundo. No Brasil já foram encontradas 1.919, segundo o CBRO (Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos).
A RMVale, com áreas de Mata Atlântica, rios, cachoeiras, várzeas e mar, abriga muitas das espécies registradas no país. Na região, além de São José, fomentam o birdwatching as cidades de Ubatuba, Ilhabela, Campos do Jordão, Monteiro Lobato e Tremembé, entre outras. E não pense que esses municípios são concorrentes, eles se completam e transformam a RMVale em um verdadeiro paraíso para os birdwatchers.
“Cada lugar tem uma característica e atrai algumas determinadas espécies de aves. Por exemplo, Tremembé tem os arrozais e lá conseguimos encontrar aves que dificilmente iremos encontrar em São José”, explica Marcos.
Esta diversidade atrai para a região ‘passarinheiros’ do Brasil e do exterior. “Muitos observadores viajam o mundo atrás de aves raras para fotografar”, disse Marcos, que costuma guiar estrangeiros pela região.
Para o guia joseense, as iniciativas do Poder Público ajudam ao difundir a cultura do birdwatching. “Bom para formar novos observadores e para alertar a iniciativa privada sobre esse nicho de mercado. Por exemplo, as pousadas podem oferecer serviços diferenciados e instalar comedouros de aves.”
Em Campos do Jordão, a Pousada BeneVento já percebeu essa nova demanda e criou um pacote especial para atrair esse público. A pousada oferece descontos para passarinheiros e café da manhã servido às 5h.
Ênio Machado/Arquivo Pessoal
Ilhabela terá 6 torres para observação
O Parque Estadual de Ilhabela deve ganhar seis torres de observação de pássaros. A estrutura será implantada por meio de um convênio entre a prefeitura e a Fundação Florestal, com expectativa de ser concluída para a temporada de verão 2019/2020. A iniciativa faz parte de uma série de ações que a prefeitura adotou para atrair observadores de pássaros ao arquipélago, que abriga 321 espécies de aves. Em outubro, a administração promoveu o Festival de Aves, com mais de 50 atividades, incluindo cursos, oficinas e palestras, entre outras.
SP lança passaporte de aves
Para incentivar o registro e a observação de aves nos Parques e Unidades de Conservação do Estado de São Paulo, a Fundação Florestal lançou em maio o “Passaporte Aves de SP”. O guia apresenta trilhas e dicas para observação sem impacto ambiental. Das 21 áreas que integam o roteiro, 4 ficam na RMVale (Campos do Jordão, Ilhabela, Caraguá e Cunha). As pessoas que conseguirem todos os carimbos até dezembro de 2021 poderão ganhar prêmios, segundo a fundação. As regras da promoção estão no site www.guiadeareasprotegidas.sp.gov.br.
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