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A atemporalidade do filme "La Haine"

Conheça mais sobre a obra cinematográfica que retrata o cotidiano de três jovens da periferia de Paris.

Kaun Lopes (Arquivo Pessoal)

Escrito por Kauan Mendonça Lopes

16 ABR 2021 - 09H00 (Atualizada em 16 ABR 2021 - 19H04)

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Jusqu’ici, tout va bien’, a famosa expressão francesa para dizer que "até aqui, tudo vai bem’’, demarca a complexidade do filme La Haine (O Ódio), sentimento que é ocasionado pelo cotidiano periférico de três jovens parisienses. Eles são revoltados com toda opressão racial e a desigualdade severa, em um país europeu de primeiro mundo, conhecido pelo turismo esbelto e romancista que, consequentemente, maquia todos os problemas existentes nos subúrbios franceses.

Dirigido por Mathieu Kassovitz, com direito à premiação no Festival de Cannes, entre outras ocupações em rankings de melhores filmes do cinema mundial, a obra cinematográfica conta com uma coloração preta e branca e, sobre um compasso que marca intervalos de horas entre as cenas, vão ocorrendo as mais variadas situações.

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Em ’Le monde est à vous’’ (O mundo é seu ), Saïd recorre à pichação e troca a letra “V” por “N”, transformando a frase em ‘’Le monde est à nous’’ (O mundo é nosso). A intenção é mostrar que o mundo não é dele, uma vez que sente que não pertence ao meio que ocupa. Ele acredita que somente uma maioria pode ter o mundo em suas mãos, devido aos privilégios decorrentes das questões históricas e culturais. O jovem árabe também demonstra que não existe respeito patrimonial ao vandalizar um banner, atitude proporcional à falta de respeito pelas injustiças cometidas à camada social que pertence.

Hubert (afrodescendente), Saïd (árabe) e Vinz (judeu) são três amigos vítimas das mesmas injustiças sociais em suas ‘’cités’’, expressão utilizada para denominar os conjuntos habitacionais verticalizados na França. Eles compõem o elenco principal e estão presentes, juntos, em grande parte do filme cometendo desde pequenos delitos até conflitos com policiais locais.

A genialidade da passagem temporal, agregada ao efeito bomba-relógio, diante um dia na vida desses jovens marginalizados, remete à sensação de que a qualquer hora um acontecimento grave está prestes a ocorrer, mas enquanto a falsa sensação de paz reinar, ‘’até aqui tudo vai bem’’.

A atemporalidade do filme La Haine não se limita apenas a um legado sociocultural, deixado pela anedota jusqu’ici, tout va bien, mas também confronta todas as imposições expostas por um cinema erudito e classicista.

O drama, gênero no qual é identificado banalmente por complicações amorosas, também deve relatar firmemente o drama das vidas ocultadas, como é no caso de Saïd, Vinz, Hubert e milhões de almas transparecidas que carregam a vagarosa rotina como um conto de histórias suspenso às lamentações e imprevistos. Sem um final feliz.

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Escrito por:
Kaun Lopes (Arquivo Pessoal)
Kauan Mendonça Lopes

2º ano do Ensino Médio - Colégio Embraer Juarez Wanderley - São José dos Campos.

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