“As Veias Abertas da América Latina” é um livro escrito pelo jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano e foi lançado em 1971, chegando no Brasil ainda na década de 70 pela editora Paz e Terra. Representando um marco para o pensamento de esquerda do século XX, traz ao leitor de forma simples e condensada uma visão anticolonialista, expondo razões da pobreza e subdesenvolvimento atuais da América Latina como um todo. A obra detém um caráter atemporal, já que aponta que a reverberação e os impactos dos mais de 500 anos de exploração da América Latina permanecem vigentes nos dias atuais.
Eduardo Galeano almejava, inicialmente, que o livro fosse de economia política, “mas eu não tinha o treinamento e o preparo necessários", como afirmou o próprio autor anos depois. Entretanto, tal decepção não foi um fator impeditivo para que a obra se tornasse um clássico e formasse a mentalidade de gerações.
A construção do livro se dá com a apresentação de uma linha do tempo da História Geral da América Latina, a partir da chegada dos primeiros colonos europeus, em 1500, até o início da década de 1970. Tratando desde a exploração do ouro no atual México e da prata na atual Bolívia, passando pelas monoculturas de cana-de-açúcar no Nordeste Brasileiro e Caribe, indo até a chegada das companhias multinacionais americanas na América Latina. A obra é carregada de referências bibliográficas e expõe de forma simples e crua como se deu, e ainda se dá, a exploração das terras e dos povos latino-americanos.
E tal exploração, segundo a obra, não poderia ter como consequência senão o subdesenvolvimento latino-americano. Os países da América Latina foram concebidos como colônias e permanecem, na prática, nesta condição até a atualidade. Essa característica os obrigou a arcar com os custos do desenvolvimento dos países do Norte, visto que desde os recursos naturais até a barata mão-de-obra constituíram-se como fatores chave para o êxito econômico europeu e norte-americano.
Assim como as bases da miséria latino-americana, Eduardo Galeano expõe também com maestria o desenrolar dos processos coloniais, marcados por atos violentos e brutais contra os povos originários, que, além de serem exterminados, foram forçados a sujeitar-se às condições desumanas características desses processos, tudo em nome do desenvolvimento econômico das potências colonizadoras.
A obra, portanto, é tida como leitura obrigatória para aqueles que desejam compreender como se constituiu a América Latina e os efeitos práticos do processo de colonização, sendo essa uma excelente maneira de se conhecer a história. Essencial para que erros passados permaneçam somente no passado e fazer paralelos com a atualidade, já que os moldes da exploração exercida pelas potências mundiais sobre os países latino-americanos ainda são os mesmos dos tempos coloniais, variando somente nos métodos empregados.
Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.