"A capoeira é uma dança e uma luta de origem afro-brasileira. Os africanos escravizados usavam a capoeira como uma forma de combater seus opressores, que os compravam em mercados." Afirma Mestre Lobão, capoeirista reconhecido no Brasil e no exterior.
Você sabia que a primeira academia do Vale do Paraíba está em São José dos Campos? Ela foi criada em 1971, sua primeira localização foi na Rua Paraibuna, mais tarde se mudou para o Calçadão da Rua 7 e hoje ela se localiza no bairro Jardim São Dimas. Além de ser academia é um ponto de cultura, pois tem associação Desportiva e Cultural. Os fundadores foram o Tenente Esdras, Esdras Filho e Mestre Lobão, nosso entrevistado, que fala da história da cidade e da capoeira como alguém que está há 50 anos em São José dos Campos.
As principais mudanças nessa prática esportiva e os seus benefícios, além das possibilidades de inclusão nas escolas, você confere na entrevista a seguir.
1. Quem foi Besouro Mangangá?
“O Besouro Mangangá era um justiceiro, eu digo que Besouro Mangangá era o famoso Robin Hood. A lenda conta que ele foi fazer um trabalho e o patrão sempre enganava os funcionários. Quando chegava o final de semana ele chamava o nome dos funcionários baixinho para não ouvir. Se a pessoa não ouvisse, o patrão não chamava de novo e falava: quebrou para São Caetano. O Besouro foi trabalhar na Fazenda, no final de semana o patrão foi pagá-lo; chamou e ele não escutou. O patrão disse: quebrou para São Caetano. O Besouro então bateu no fazendeiro e o fez pagar para todo mundo.”
2. Em sua opinião, quais foram as principais mudanças que ocorreram na prática da capoeira nesse meio século?
“A capoeira se tornou um esporte mundial, conhecida mundialmente, por causa dos capoeiristas brasileiros que viajaram para outros países e continentes: Europa, Estados Unidos, Ásia...a capoeira se desenvolveu, um corpo grande, ela foi para escolinhas, principalmente as escolinhas particulares, a capoeira começou a praticar mais de projetos culturais, Fundação Cultural, projetos, a capoeira deu um bum muito grande, cresceu e está crescendo, ela ficou mais bonita, mais técnica, mais gente praticando, adulto, criança, velhos... a capoeira cresceu muito, melhorou bastante.”
3. Como o senhor observa a diferença entre o público brasileiro e o público estrangeiro quando o senhor viaja o mundo levando a Capoeira?
“A única diferença que eu vejo é a língua quando eles cantam, porque as músicas são cantadas em português e isso é bom. E com isso muitos deles, capoeiristas estrangeiros, aprendem a falar português, porque eles tentam começar a traduzir as músicas para entender o que estão cantando. A capoeira é uma grande divulgadora da língua portuguesa.”
4. Nesse meio século de história do Besouro mangangá Capoeira, quais foram suas maiores emoções?
“A emoção é de fazer um capoeirista bom, uma pessoa educada. São muitas as alegrias! As viagens também trazem grandes emoções! Eu passei a conhecer o mundo através da capoeira. Coisa que se eu não tivesse feito pela capoeira, eu jamais teria oportunidade. Fui para a Inglaterra, Paris, Estados Unidos, Israel, Japão, Hungria.”
5. Hoje há várias escolas parceiras da Besouro Mangangá, qual a importância de colocar a Capoeira como currículo nas escolas, Mestre?
“Seria legal se as escolas tivessem capoeira no currículo porque teria maior visibilidade; mais pessoas estariam conhecendo a capoeira; Sabe que existe, mas não conhece! Se a capoeira estivesse na escola seria bom tanto para a luta quanto para o praticante que teria mais oportunidade, mais alunos e ainda ajudaria muito os professores que dão aula nas escolas. Uma sala que tem aula de capoeira as pessoas são mais educadas. Elas saberiam tratar melhor os seus professores. Não vou dizer só da capoeira, todo esporte, porque eles educam e os professores teriam menos estresse.”
6. É correto afirmar que quem faz capoeira aprende esporte, história e música ao mesmo tempo. Por quê?
“Através da música de capoeira você aprende a história do Brasil, você começa a aprender a história e a cultura. Por exemplo: quem foi Besouro Mangangá, quem foi Bimba, como é que os africanos chegaram aqui, o tratamento que eles tinham no dia a dia.”
7. O que o senhor diria a alguém que nunca treinou, mas tem curiosidade de conhecer a capoeira, para encorajá-lo?
“Eu diria para ir fazer uma aula, mas não só isso! Diria para que fosse conhecer a capoeira e conversar com alguém que realmente conhece; para ver que a capoeira é uma arte diferente. Por que a capoeira não é só lutar. Tem toda uma história por trás, sentimento de busca, de liberdade, de luta de arte, de mandinga. Se a pessoa só fizer uma aula ela não vai conhecer, não vai ter noção do que é capoeira. Estude um pouquinho, escute explicações sobre o que é capoeira; veja uma roda de capoeira. Uma roda de capoeira emociona e faz muita gente se apaixonar.”
Com supervisão de Giovana Colela, jornalista do Meon Jovem.
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