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Como o clima colapsou a antiga civilização egípcia e a sua ameaça atual

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Alpha Lumen

Escrito por Henderson Marcos de Jesus

13 MAI 2024 - 10H50

Divulgação

Associa-se o Egito a sua antiga civilização e, claro, desertos. Entretanto, há evidências que indicam um clima muito diferente do que se imagina, chamado de Período Úmido, possível pela diferença orbital da Terra em relação ao sol, que aumentava a incidência solar da área que, por sua vez, afetava a umidade regional, aumentava as chuvas e o fluxo do Rio Nilo.

Foi por esse clima que a antiga civilização egípcia alcançou seu ápice, a abundância alimentar e a riqueza do Nilo trouxe prosperidade a população, todavia, historiadores encontraram relações com o fim do grande império do Egito com o fim do Período Úmido. Um processo de “aridificação”, como dito por Mathias Pires, biólogo da USP, foi gradativamente mudando o clima existente. Três pulsos podem ser observados que trouxeram a queda da intensidade das chuvas; o primeiro, a cerca de 5 mil anos atrás, forçou uma concentração populacional às margens do Rio Nilo. O segundo, por volta de 4100 anos, afetou diretamente a produção agrícola, pilar importante de qualquer sociedade, trazendo instabilidade social e política, além da climática, junto do fim do Antigo Império, época da construção das pirâmides e do ápice egípcio, iniciando o Novo Império. Já o terceiro pulso e “último” (mais detalhes à frente), aproximadamente a 3 mil anos atrás, causou uma fome generalizada por toda a região, acabando de uma vez por todas o gigante império do Antigo Egito.

As consequências das mudanças ambientais, apesar de terem sido naturais, impactam o ecossistema como um todo, incluindo a fauna, tal qual diferentes espécies devem migrar, adaptar ou se extinguir, como a natureza sempre foi. Contudo, há um quarto pulso, mais recente e “menos natural”, marcado pela industrialização no Egito e as mudanças climáticas, onde há uma queda anormal da diversidade natural da fauna e da flora, não havendo tempo de adaptação ou migração, levando a perda de funções ecológicas essenciais para o funcionamento padrão da vida na Terra, incluindo de nós humanos. As consequências da aridificação do Egito e do norte da África é um processo natural, entretanto, potencializado por atividades antrópicas, principalmente quando se discute sobre o período pós Revolução Industrial que vivemos, na qual dada potencialização, os impactos e suas consequências afetam diretamente nossa vida como espécie e sociedade.

A luta contra as mudanças climáticas não se vê como a necessidade de um retrocesso à nossa evolução pelo suposto mal causado à Terra e sua biosfera, mas sim como um constante conflito do homem contra a natureza, conflito esse existente desde que começamos a dominá-la com o controle do fogo, por exemplo. Nessa guerra contra o clima a natureza sempre vencerá, somos mais uma espécie que, se não nos adaptarmos, tornaremos mais uma a extinguir e dar espaço à outra que consiga se adaptar, como a vida biológica sempre foi.

Sim, enchentes ocorrem naturalmente. Os terremotos são fenômenos naturais e acontecem de tempos em tempos. Sobrevive quem conseguir se adaptar à nova realidade que surge. Porém, as atividades humanas aceleram e potencializam muito os extremos da natureza, forçando esses fenômenos e muitos outros para todo o globo.

Mas nem todos os países são capazes de mitigar os efeitos desta mudança global forçada pelo homem. Se um país vive em constante risco de terremotos, ele se adapta. Se um país vive em constante risco de queimadas, ele se adapta. Porém, a adaptação requer planejamento e recursos, e nem todos possuem tal condição. Um exemplo é um terremoto no Haiti, com efeitos totalmente diversos de um ocorrido no Japão. Uma queimada na Austrália não é o mesmo que uma queimada no Canadá. Uma enchente no norte da Alemanha não é o mesmo que uma enchente no sul do Brasil.

Não há intenção de diminuir a tragédia que desastres naturais são para qualquer população, mas as comparações são necessárias, por mais complexas que sejam para um problema. No entanto é inegável que dessas consequências, uma boa parte dos impactos sempre refletirá naqueles mais vulneráveis economicamente, climaticamente e geograficamente, sobretudo, países e pessoas despreparadas para problemas nunca antes vividos em tamanha intensidade.

 Pela primeira vez na história humana, vivemos um problema global com causadores e consequências globais; as mudanças climáticas não é um problema exclusivamente climático ou só mais um assunto para dar opinião, mas um problema econômico, social e sobretudo político onde qualquer um em qualquer lugar corre risco. Afinal, não é apenas um desastre natural que se deve temer, mas também da insegurança alimentar, da disponibilidade da água, de energia, a qualidade do ar, vetores de doenças, desempregos, destruição de infraestrutura e todos os conflitos que podem surgir a partir dessas questões, questões essas que, apesar de algumas não serem a preocupação de um antigo egípcio em sua civilização, ainda foram o bastante para potencializar seu fim.

Com supervisão de Isabela Sardinha, jornalista do Meon Jovem.




Escrito por
Alpha Lumen
Henderson Marcos de Jesus

2º ano do ensino médio - Instituto Alpha Lumen - SJC

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