A ironia dos povos originários serem ainda tratados como exóticos à sua própria terra pela sociedade brasileira prevalece. Debater sobre a luta das mais diversas comunidades indígenas é discutir uma pauta de direitos humanos na qual a devida atenção não está sendo dada, a importância desse tema e a negligência perante a ele por parte dos órgãos governamentais se mostra um ponto de intervenção; é de interesse geral, portanto, analisar os propulsores do empecilho que é a falta de escuta por parte da população não indígena para com essas comunidades.
Nesse terreno de pensamento, se mostra essencial observar o panorama atual: ao realizar a leitura dos jornais cotidianos é perceptível a permanência da mesma problemática, sendo ela especialmente a violação do direito constitucional às próprias terras; exemplo disso é o Marco Temporal, ação atualmente discutida que dificulta o processo de demarcação de terras indígenas já que propõe uma comprovação da ocupação dessas terras por partes das comunidades a um período anterior a Constituição Federal. As decisões que têm impacto direto a esses grupos têm sido tomadas sem seu consentimento ou consulta, gerando ameaças constantes.
Em paralelo a isso, a educação brasileira não aparenta estar devidamente comprometida com a obrigatoriedade existente para com uma educação decolonial. O primeiro acesso que se é tido aos povos originários é a colonização com a catequização e escravização, tendo o ponto de vista indígena fora de alcance, mesmo existindo e resistindo. Há acadêmicos indígenas, inclusive didáticos, como Daniel Munduruku que tem como seu enfoque o público infanto-juvenil, logo, se mostra um fato que as vozes sempre existiram, entretanto, a escuta se mostrou e se mostra deficiente.
Portanto, cabe ao Ministério da Educação implementar a literatura e visão acadêmica indígena na sua base comum de ensino, por meio de textos e leituras obrigatórias contidas no material didático, para que assim haja uma ruptura com a visão colonial e a construção de uma sociedade mais respeitosa a todas as etnias e manifestações culturais.
Com supervisão de Isabela Sardinha, jornalista do Meon Jovem.
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