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História Do Movimento Hippie: Make Love, Not War

O Movimento Hippie dos anos 60 teve um impacto cultural imenso na sociedade, moldando crenças, pensamentos, moda e música de toda uma geração.

Sara Tostes

Escrito por Sara Tostes

06 MAI 2022 - 16H48 (Atualizada em 09 MAI 2022 - 09H39)

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O Movimento Hippie dos anos 60 teve um impacto cultural imenso na sociedade, moldando crenças, pensamentos, moda e música de toda uma geração. O que aqueles jovens com colares e LSD estavam pensando?

O Movimento

O Movimento Hippie foi uma manifestação social de contracultura, que questionava os costumes conservadores, cristãos e retrógrados da sociedade ocidental moldada pelo capitalismo americano, num contexto de Guerra Fria. Ele defendia a paz, a vida comunitária, a liberdade sexual, a igualdade entre gêneros e raças e a proteção da natureza. Atuou com mais força nos anos 70, sendo seu grande foco as manifestações contra a Guerra do Vietnã.

A origem

Os hippies foram fortemente influenciados pelos artistas, poetas, escritores e músicos da Geração Beat dos anos 50. Os Beatniks eram jovens que, após o final da Segunda Guerra Mundial, passaram a seguir um modo antimaterialista de vida. Eles contestavam o modo de vida americano por meio da arte. O livro mais emblemático dos Beats foi “Pé na Estrada”, do autor Jack Kerouac, que narra a viagem de um jovem pelos Estados Unidos e goza do famoso Sonho Americano.

O Movimento Hippie seguiu a linha ideológica esquerdista, sendo seus participantes majoritariamente socialistas ou anarquistas. Sua maior crítica era ao sistema capitalista. Também teve grande influência do Movimento Negro e de uma de suas maiores personalidades, Martin Luther King. Os jovens da década de 60, usando suas referências culturais e ideológicas, contestaram os valores tradicionais da época se juntando aos Hippies.

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Os símbolos e lemas

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O símbolo do Movimento Hippie ainda é reconhecido em todo mundo, mas o que muitos não sabem é que ele foi criado pelo artista Gerald Holtom como uma mensagem contra o armamento nuclear. As letras “N” e “D” estão escondidas no símbolo na linguagem das bandeiras, significando “Nuclear Disarmament”. A princípio, ele foi criado como forma de protesto contra a forte política armamentista da Guerra Fria, mas logo se popularizou na cultura hippie americana.

O movimento também contou com lemas que foram difundidos mundialmente e são conhecidos até hoje, como “ Paz e Amor”, frase que resume a contracultura hippie, e “Make Love, Not War”, usada em manifestações contra a Guerra do Vietnã. Esses lemas estamparam camisetas, viraram letras de música e acabaram em inúmeros cartazes nos protestos organizados pelos hippies, além de terem sido espalhados aos berros pela juventude revoltada.

Sexo, Drogas e Rock’n Roll

O Woodstock foi um dos principais e maiores eventos dos anos 70, sendo o festival com maior impacto na música e cultura da década. Realizado em 1969, em uma fazenda em Bethel (NY), entre os dias 15 e 17 de agosto, o Woodstock contou com a apresentação de artistas como Jimi Hendrix, em uma de suas mais memoráveis performances, John Lennon, Janis Joplin, Clearwater Revival, The Who, Joe Cocker, entre outros.

A música, a partir daí, começou a tomar um rumo mais psicodélico, e bandas como The Beatles, Rolling Stones e The Doors passaram a adotar o rock progressivo em suas canções.

Durante os três dias de show, muitas drogas foram consumidas, em especial o LSD, um ácido criado acidentalmente por um médico suiço, chamado Albert Hoffman, que, após provar um pouco da substância, descobriu que ela tinha propriedades alucinógenas. A droga foi difundida entre os universitários e logo se democratizou entre a juventude. Algumas pessoas afirmavam que ele promovia experiências espirituais e que fazia o mundo tomar sua verdadeira forma, trazendo revelações extraordinárias a quem o usasse.

Outro grande feito do Movimento Hippie foi a participação na Revolução Sexual na década de 60. Além de terem um papel importante na luta pela legalização da pílula anticoncepcional que permitia maior liberdade sexual as mulheres, eles também foram responsáveis - adjunto das ativistas da Segunda Onda Feminista - por trazer discussões sobre o aborto e o direito sobre os corpos da mulheres para o centro de debates.

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A espiritualidade

Os hippies procuravam se afastar e contestar os princípios cristãos da sociedade burguesa. Com isso, muitos deles se tornaram adeptos de práticas espirituais vindas do Oriente, lado geralmente ignorado pela cultura eurocêntrica que prioriza o Ocidente. Assim, religiões como o Budismo e Hinduísmo foram muito presentes no conceito ideológico anticonsumista do movimento.

Era muito comum que os jovens procurassem gurus e mestres para mentoria espiritual, porém muitos acabavam caindo em seitas (como foi caso das discípulas de Charles Manson) ou no charlatanismo de pessoas que, com a promessa de fazê-los alcançar o ponto máximo da iluminação, tiravam seu dinheiro e saúde.

Um caso muito conhecido da época ocorreu com a atriz Mia Farrow durante uma visita dela, em companhia dos Beatles, ao retiro na Índia do guru Maharishi Yogi. A atriz foi molestada pelo guru na viagem. Mia estava meditando dentro de uma caverna quando Maharishi a agarrou e tentou estuprá-la. Com sorte, ela escapou, e esse foi o motivo da volta antecipada da atriz com os Beatles, que planejavam ficar três meses no retiro.

O Movimento Hippie No Brasil: Tropicália

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Com a onda hippie se espalhando pelo mundo, o Brasil não ficou de fora. Na época, o país vivia a Ditadura Militar, e a quantidade de informações que chegavam para os brasileiros era controlada e limitada. Todavia, a censura não impediu que o Movimento Hippie chegasse ao país pelos vinis, revistas e livros que vinham nas malas de quem retornava de viagens ao exterior.

A Tropicália foi um movimento cultural musical formado por artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Gal Costa, Torquato, e Tom Zé. Ela buscava uma sonoridade que valorizasse a brasilidade e tivesse elementos do rock psicodélico e progressista que se ouvia na gringa. Foi um instrumento de contestação à sociedade brasileira e um modo de criticar o governo da época e suas políticas importadas. O disco mais importante nesse contexto foi o Panis Et Circenses (Tradução: Pão e Circo), parceria de múltiplos artistas.

O visual dos tropicalistas era a mistura da moda hippie, com cabelos longos e barbas desgrenhadas, roupas leves, cheias de estampas e cores fortes, junto de elementos como calças jeans, longas saias e headbands que mesclavam a moda gringa com adaptações para o clima e a cultura do Brasil.

A moda Hippie

As roupas dos hippies transpareciam os ideais do movimento por meio de sua leveza e soltura, estampas psicodélicas com críticas sociais e frases de efeito e ousados decotes, deixando bastante pele à mostra. A ideia do movimento era ir contra os padrões da sociedade, por isso a moda hippie foi tão alternativa ao que era usado.

A principal característica do visual alternativo dos hippies é que ele chocava as pessoas com sua autenticidade e ousadia. Por isso, longos xales e saias chamativas, cores fortes, tops e shorts curtos, roupas andróginas e tudo mais que se diferenciasse do considerado “normal” eram usados. Rita Lee, em sua juventude, foi adepta do estilo hippie, tendo eternizado vários looks diferentes em suas apresentações com Os Mutantes.

O desfecho

O Movimento Hippie começou a perder força a partir de 1973, quando os Estados Unidos se retiraram oficialmente da Guerra do Vietnã. Os protestos contra a participação do país eram a principal reivindicação do movimento, e, após seu desfecho, ele perdeu muitos de seus adeptos. A chegada de novas contraculturas também tirou o foco dos hippies.

Na mesma época surgia o Movimento Punk que seguia quase a mesma linha ideológica do Hippie, sendo contra o consumo desenfreado e a repressão por governos autoritários. Porém, eles se diferiam na forma como os grupos se apresentavam. Enquanto os hippies acreditavam na paz, os punks se mostravam mais violentos e mais ativos nas lutas sociais, além de terem uma estética totalmente diferente, que pesava muito na identificação dos grupos.

Os Punks foram ganhando força entre os jovens da Inglaterra, de modo que bandas como o Sex Pistols e o Ramones eram responsáveis por popularizá-los ainda mais entre os jovens. Outras contraculturas e movimentos foram surgindo pelo mundo e tirando cada vez mais o destaque dos hippies, que, com o tempo, foram ficando para trás.

Mesmo assim, o Movimento Hippie ainda é um dos pontos mais marcantes do século XX. Sua ilustre influência no cenário musical, estético, cultural e ideológico ficará eternamente marcada na memória da sociedade. Os hippies foram o reflexo de uma geração insatisfeita e revoltada com um mundo de guerras, fome e problemas sociais que ninguém parecia querer resolver. Eles se levantaram pelo que acreditavam e mudaram a forma como muitas pessoas viam a vida. A palavra Hippie é atemporal.

Com supervisão de Yeda Vasconcelos, jornalista do Meon Jovem.





Escrito por:
Sara Tostes
Sara Tostes

1ª ano do Ensino Médio - Colégio Embraer Juarez Wanderley - São José dos Campos

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