A violência está presente constantemente em nossa sociedade, de forma implícita e explícita. Como, por exemplo, o caso de Mariana Ferrer, a influencer que teria sido estuprada pelo empresário André Aranha em uma casa noturna em Florianópolis, no dia 15 de dezembro de 2018. A jovem denuncia violência física, moral e psicológica. Ao mesmo tempo, conseguimos ver claramente durante sua audiência o exercício da violência simbólica e como a desigualdade de gênero atua.
Você já ouviu falar sobre violência simbólica? Não me surpreende se sua resposta for não. Está relacionada com o poder, no qual o capital simbólico causa distinção entre as pessoas. É uma violência sutil e muitas vezes taxada como comum.
“Devemos compreender que, de acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, as relações de poder existentes na sociedade nem sempre são definidas apenas por fatores econômicos – capital econômico – mas, há outros capitais, como o cultural, social e o simbólico, que contribuem para que determinadas diferenças de poder sejam produzidas e reproduzidas socialmente.
O julgamento do caso de Mariana Ferrer que aconteceu nessa última semana, evidenciou tais relações de poder e quem tem maior capital: homem, branco e rico. E, ao pensarmos na violência simbólica, estamos refletindo sobre a naturalização do domínio masculino sobre a mulher. Esse julgamento, como muitos outros, apenas nos mostra que a justiça no Brasil tem classe, cor e gênero”. Relatou Bruna Antunes, professora de Sociologia da EEEI Prof° Joaquim Andrade Meirelles.
Aprofundando a nossa reflexão sobre a violência simbólica, nos questionamos como ela está presente em nossa sociedade? Um exemplo corriqueiro está presente nas salas de aula, no qual o professor exerce determinada relação de poder sobre seus alunos, mantendo certa autoridade e algumas vezes a utiliza para impor suas ideias e valores. Outro exemplo que não podemos deixar de citar está no racismo velado do brasileiro, aquele preconceito e discriminação encontrados no olhar de muitos.
A violência é invisível, puramente simbólica e aceita pelos indivíduos que a sofrem, que na maior parte das vezes a desconhecem ou também já naturalizam tais ações. Tenho certeza que você já ouviu a frase: "Com quem você pensa que está falando?" Esta é uma relação de poder, no qual um indivíduo se sente melhor do que o outro por sua condição social, financeira, cultural, dentre outras possibilidades.
Estamos rodeados de violência, crueldade e descaso em todos os lugares. Vivenciamos o processo de desumanização em relação ao outro e precisamos urgentemente começar a discutir e compreender essas relações de poder em nossa sociedade para combatê-las, passar a não julgar e desvalorizar os outros. Para fazer diferença precisamos ser resistência, sempre!
Parceria:
Com supervisão de Samuel Strazzer, jornalista do Grupo Meon.
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