Brasil

Pai descobre que filha participava de grupos que incentivam automutilação

Caso reacende debate sobre uso precoce das redes sociais

Escrito por Meon

27 MAI 2025 - 08H54 (Atualizada em 27 MAI 2025 - 10H10)

Reprodução

O que parecia ser apenas mais um dia comum transformou-se em um divisor de águas na vida de Paulo ZSA ZSA — um pseudônimo que ele escolheu para si. Sua filha adolescente, em um momento de desespero, se automutilou e fez um pedido direto: “Me ajuda, me interna, que eu estou surtada”. Diante da súplica, Paulo não hesitou e a levou imediatamente ao hospital.

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Enquanto a filha recebia atendimento médico, Paulo resolveu analisar o celular dela e se deparou com uma palavra que chamou sua atenção: “Lulz”. A princípio, achou que fosse um erro de digitação, mas ao vê-la repetida, decidiu pesquisar. Foi então que descobriu uma reportagem do Fantástico de 2023, que expôs a existência de grupos em plataformas como o Discord, onde adolescentes são incentivados à automutilação e a comportamentos autodestrutivos.

“Eu assisti a reportagem no estacionamento, superchocado pelo que minha filha tinha acabado de passar. Eu descobri exatamente o que estava acontecendo com ela”, conta Paulo.

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Paulo não esconde o sentimento de culpa: “Eu me culpo por ter dado o celular cedo demais, por não ter monitorado, por não saber o que eu não sabia. Mas não adianta só se sentir culpado. É preciso reagir e tentar ajudar, e nisso, eu acho que estou conseguindo”. Atualmente, sua filha está em casa, frequenta a escola e segue em tratamento psiquiátrico.

A experiência transformou sua visão sobre a relação entre pais, filhos e tecnologia: “Esse pudor que eu tinha de pegar o celular dela e vasculhar foi um dos meus grandes erros. É pai e filha. Não tem que ter pudor. O pai tem que ter a senha. Tem que saber no que o filho está metido”.

O relato de Paulo reforça os alertas do psicólogo social Jonathan Haidt, autor do livro “A Geração Ansiosa”. Segundo ele, o uso precoce e descontrolado das redes sociais está diretamente associado ao aumento de transtornos mentais entre adolescentes. “Quando adolescentes são internados e perdem o acesso às telas, geralmente aparecem sinais de melhora em 15 a 20 dias”, afirma Haidt. “O cérebro se recupera. E aquele filho doce e maravilhoso volta a aparecer.”

Ele acrescenta: “Quem muda de hábitos, volta à vida porque recupera a atenção”.

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