Lisa Cook diz que demissão do Fed é ilegal

A diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook, afirmou nesta segunda-feira (25) que a tentativa do presidente Donald Trump de demiti-la do cargo é ilegal e declarou que não pretende renunciar. Em comunicado divulgado à imprensa por seu advogado, Abbe David Lowell, Cook disse que Trump não tem autoridade para afastá-la.

“O presidente Trump alegou ter me demitido ‘por justa causa’ quando não há justa causa prevista em lei, e ele não tem autoridade para fazê-lo”, afirmou.

“Não vou renunciar. Continuarei a cumprir meus deveres para ajudar a economia americana, como venho fazendo desde 2022.”

O advogado de Cook disse que serão tomadas todas as medidas legais para impedir a ação de Trump, considerada uma afronta à independência do banco central dos Estados Unidos.

Tentativa de afastamento

Trump anunciou a demissão nas redes sociais e enviou carta a Cook citando acusações de fraude hipotecária como justificativa para sua decisão. O republicano se baseou em um dispositivo da lei de criação do Fed que permite a demissão de membros do Conselho de Governadores “por justa causa”.

Especialistas jurídicos apontam que a interpretação é frágil e sem precedentes, podendo abrir margem para ingerência política no Federal Reserve, órgão que historicamente opera de forma independente do governo.

Pressão sobre o Fed

A medida ocorre em meio à escalada de críticas de Trump ao Fed, especialmente ao presidente Jerome Powell, por não reduzir as taxas de juros conforme defendido pela Casa Branca. Recentemente, a pressão do governo se voltou também para Cook.

Na semana passada, Bill Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento da Habitação, acusou Cook de falsificar documentos para obter condições mais favoráveis em hipotecas e disse ter levado o caso ao Departamento de Justiça. A investigação ainda não teve conclusão divulgada.

Perfil e impacto

Indicada em 2022 pelo então presidente Joe Biden, Lisa Cook foi a primeira mulher negra a ocupar o cargo de diretora no Fed. Ela integra o Conselho de Governadores, formado por sete membros, e participa do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), responsável por definir a política de juros nos Estados Unidos.

A tentativa de demissão gera preocupação em analistas econômicos e políticos, que veem o episódio como um teste para a independência institucional do banco central em meio ao aumento das pressões do governo Trump sobre as decisões monetárias.

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