RMVale

Após mais de 20 anos de atividades, Coopertêxtil fecha as portas nesta sexta-feira, em São José

Cooperados afirmam que encargos de manutenção não era ilegal, mas “fundamental para a manutenção dos prédios”; grupo que atua no pátio da Tecelagem Parahyba pretende realizar protesto simbólico contra o que considera decisão arbitrária da prefeitura

Escrito por Ana Lígia Dal Bello

14 OUT 2021 - 17H53 (Atualizada em 14 OUT 2021 - 20H42)

Tecelagem Parahyba

A Sala do Empreendedor, vinculada à Prefeitura de São José dos Campos, determinou o encerramento das atividades da Coopertêxtil, cooperativa dos antigos trabalhadores da Tecelagem Parahyba, a partir desta sexta-feira (15).

O pátio da antiga fábrica fica em Santana, na região norte da cidade. Um pedido de reintegração de posse foi feito pela prefeitura em agosto deste ano. 

A prefeitura alega que a cooperativa comete irregularidade ao cobrar taxa pelo uso do espaço, já que não se trata de área privada. Afirma também que o terreno utilizado pertence ao Estado de São Paulo e foi permissionado (licenciado) à prefeitura para uso de interesse público.

A Coopertêxtil mantém o posicionamento que adotou desde o início do imbróglio. “Todas as empresas cooperadas e a Coopertêxtil estão em dia com suas licenças, autorizações e impostos devidos à prefeitura”, diz a nota do grupo.

“A ação da prefeitura é mais uma tentativa de atacar a Coopertêxtil, que legitimamente reivindica a posse do seu espaço físico comprado pelos cooperados em troca das dívidas trabalhistas devidas pela antiga Tecelagem aos trabalhadores”, continua a nota.

O texto ainda se refere ao prejuízo a 100 empregos diretos e 300 indiretos causado pela paralisação das atividades.

“A Coopertêxtil e as demais empresas estão tomando as medidas cabíveis para reverter essa situação de arbitrariedade da municipalidade e de irregularidades no processo administrativo”, conclui a nota.

Em matéria publicada anteriormente no Portal Meon, o advogado da cooperativa, Luiz Roberto Pereira, afirmou que o valor cobrado referia-se, apenas, ao custeio da limpeza, segurança e outros itens, e que não caracterizava aluguel.

Os cooperados prometem um protesto simbólico às 11h de amanhã, dia do encerramento das atividades.

Cobertores Parahyba
Cobertores Parahyba
Quem ainda tem cobertor da Tecelagem Parahyba? Mantida por cooperativa, a fábrica marca a história de São José


Outro lado

A Prefeitura de São José dos Campos reitera, via assessoria de imprensa, que o terreno ocupado pela Coopertêxtil é área pública e que, “ao longo do processo judicial, foi confirmado por empresas que elas pagariam uma taxa para o responsável pela Coopertêxtil, que não apresentou nenhum documento oficial que comprovasse seus direitos sobre o imóvel”.

A nota também diz que o processo de desocupação foi feito judicialmente e a cooperativa já teve a oportunidade de apresentar seus argumentos à justiça, que determinou a desocupação do imóvel.

O que dizem as cooperativas

Sobre trecho da nota da prefeitura que diz que “foi confirmado por empresas que elas pagariam uma taxa para o responsável pela Coopertêxtil”, as quatro cooperativas atuantes na área da antiga tecelagem concordam que a informação não procede.

Leia MaisHomem morre após comer pedaço de pizza com camarão em UbatubaVídeo: barulho, sujeira e drogas afetam moradores do bairro Saco da Capela, em Ilhabela Jacareí realiza concurso público para preenchimento de 51 vagas neste domingoRoberto Jefferson retorna à prisão após determinação do STF“A Coopertêxtil é uma cooperativa e todas as empresas que ali estão trabalham em sistema cooperado. Os encargos de limpeza e manutenção no sistema cooperado são rateados entre todos”, comunica a nota do grupo, enviada ao Portal Meon.

“As empresas discordam da prefeitura que o rateio é ilegal e abusivo, ao contrário, ele é fundamental para a manutenção dos prédios, inclusive para manter as características históricas devido ao tombamento do prédio, o que a municipalidade desdenha. As empresas acreditam que devem, sim, colaborar com a Coopertêxtil, dentro desse sistema estabelecido”, continua.

Para Ricardo Kabbachi, diretor da Cobercryll, uma das empresas cooperadas, pagar esses encargos nunca foi problema. "A Cobercryll paga a manutenção necessária com louvor. Temos que preservar as árvores, pisos e fachadas com as quais a prefeitura nunca se preocupou", ressalta.

O documento foi assinado pelos representantes das empresas Cobercryll, Ricardo Kabbachi; Tecklock Componente, Meire Alexandra Pereira Domenicheli e Peterson Domenicheli e Satus Restaurante, Neusa Cruz.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Ana Lígia Dal Bello, em RMVale

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.