O Ministério da Cultura divulgou nesta quarta-feira (17) uma nota de repúdio contra a decisão do prefeito de São José dos Campos, Anderson Farias (PSD), de cancelar a participação da jornalista Milly Lacombe na Festa Lítero Musical (Flim).
Na manifestação, a pasta classificou o caso como um “grave cerceamento à diversidade de pensamento”, sobretudo por ocorrer em um evento financiado com recursos da Lei Rouanet, que, segundo a nota, não permite critérios subjetivos de avaliação. O ministério informou que solicitará explicações detalhadas à organização sobre os motivos do veto.
O episódio desencadeou uma reação em cadeia: a organização da Flim anunciou o adiamento do evento, que começaria na sexta-feira (19), e também da Semana Cassiano Ricardo. A decisão foi tomada após a desistência em massa de escritores e convidados que apontaram censura e saíram em apoio a Lacombe. Entre eles, o escritor Xico Sá e a equipe de curadoria do festival.
O cancelamento foi motivado pela repercussão de uma entrevista dada por Milly Lacombe ao podcast Louva a Deusa, em que ela criticou o conceito de família tradicional. A fala viralizou nas redes sociais de forma recortada, gerando ataques da extrema-direita. “Não poder participar de uma feira literária é uma derrota para todos que lutam por um mundo da livre expressão”, disse a jornalista, que relatou ainda ter recebido ameaças.
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