Por Vinicius Assis Em RMVale Atualizada em 02 JUL 2020 - 13H33

“O número de corridas caiu, mas o número de assaltos não”, diz motorista de aplicativo que participou de protesto em São José

Os trabalhadores fizeram uma carreata pela prefeitura e ruas da cidade


Mais de 200 motoristas de aplicativo se reuniram na manhã desta quinta-feira (2) no Parque da Cidade, em São José dos Campos em um protesto pedindo mais segurança para fazer as corridas. Eles ficaram no estacionamento do parque por cerca de duas horas, e depois seguiram com uma carreata para a prefeitura da cidade, que também foi alvo de protesto pacífico, e por outras ruas da cidade. Tanto a Uber quanto a 99, principais plataformas de carros de aplicativo já se manifestaram.

O protesto abordou principalmente temas sobre a falta de segurança para os motoristas de aplicativo. “Está acontecendo um assalto atrás do outro, o número de corridas caiu, mas o número de assalto não, todo dia tem assalto”. Afirmou um motorista que participou do protesto, mas que não quis se identificar. Ele ainda ressaltou que o grupo quer um mecanismo de segurança melhor, as informações que os passageiros passam não são confiáveis, "a gente pega, os passageiros e eles nos assaltam, a gente quer segurança”.

Os motoristas pedem que mais informações sobre os passageiros sejam acrescentados. “Gostaríamos de um cadastro minucioso (dos passageiros), já que as empresas tem o reconhecimento facial, o recurso já é usado com os motoristas que estão trabalhando a mais de dez horas seguidas, por que não isso não pode ser usado com os passageiros?”. Questiona o motorista.

Quando questionados sobre as medidas que os aplicativos tomaram sobre a queda no número de corridas durante a pandemia, um dos motoristas também afirmou que nada foi feito. “Não houve subsídio, o que houve foi que a 99 (plataforma de veículos por aplicativo) repassa R$ 40 reais de auxílio para pagar álcool em gel e máscaras, mas fora isso não há nada.”

A categoria ainda reivindica um auxílio emergencial para os motoristas, que afirmam se sentir desamparados pelas plataformas e relatam terem perdido até 70% das corridas em virtude da pandemia. Os trabalhadores também pedem a suspensão da cobrança de impostos da Prefeitura de São José dos Campos, que desde 2017 cobra 1% do valor das corridas.

Existe um projeto de lei sobre o tema, mas ele ainda não foi votado. O projeto autoriza a prefeitura a instituir auxílio emergencial para os condutores de transporte individual de passageiros por táxi (regularizado) e aplicativo (credenciados junto ao município). O valor do auxílio é de um salário mínimo, R$ 1.045, que será pago por três meses, mas pode ser prorrogado caso o estado da pandemia persista na cidade.

O outro lado

Em nota, a 99 afirmou que "está sempre aberta ao diálogo com o poder público, motoristas e sociedade para contribuir com a segurança pública de São José dos Campos" e ressaltou que "a segurança para a 99 é prioridade antes, durante e depois das corridas. O app investe continuamente em sistemas preventivos, ferramentas de proteção e atendimento imediato". De acordo com a 99, a plataforma mostra aos motoristas informações do passageiro, como destino final, nota e a frequência que ele usa o app. Durante a corrida ferramentas como câmeras de segurança, compartilhamento de rotas, ligação para a polícia e gravação de áudio estão disponíveis. Depois das viagens, uma central telefônica 24h para emergências oferece apoio imediato em caso de necessidade.

Já a Uber ressaltou que "Segurança é prioridade para a Uber e a empresa está sempre buscando, por meio da tecnologia, fazer da sua plataforma a mais segura possível, de uma forma escalável. Hoje uma viagem pelo aplicativo já inclui ferramentas de segurança antes, durante e depois de cada viagem, tanto para os usuários quanto para os motoristas parceiros". A empresa afirmou que o motorista pode cancelar a viagem quando não se sentir seguro, e que também checa os CPFs cadastrados no Serasa, para evitar possíveis problemas financeiros, além de cancelar corridas potencialmente perigosas antes de algum motorista aceitar fazê-la. A empresa afirmou também que conta com seguro contra roubos para os trabalhadores e protocolos para proteção tanto dos servidores quanto dos passageiros durante e após as corridas.

A Uber informou ainda que os motoristas comprovadamente infectados ou que façam parte do grupo de risco da Covid-19 estão recebendo um auxílio durante o período em que não podem trabalhar. O valor deste subsídio não foi informado.

A Prefeitura de São José dos Campos não se posicionou por enquanto sobre o protesto.


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