RMVale pode ter aplicado mais de 200 vacinas fora do prazo de validade

Aproximadamente 200 doses vencidas da vacina Astrazeneca podem ter sido aplicadas em ao menos 20 municípios da RMVale, até 19 de junho. As prefeituras ainda checam se os dados dos lotes que receberam correspondem aos informados como vencidos.

A informação foi publicada nesta sexta-feira (02) pelo jornal Folha de São Paulo, que teria se baseado em dados da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Unifesp (Universidade Estadual de São Paulo). 

Na RMVale, as cidades com o maior número de vacinas comprometidas teriam sido Taubaté, 73; Tremembé, 37; Natividade da Serra, 18; Jacareí, 09; São José dos Campos e Ubatuba, 08 doses cada.

Outras cidades também teriam recebido lotes expirados, mas o Portal Meon não conseguiu contato com elas.

Resposta das cidades

A prefeitura de São José dos Campos informou, por nota, que o lote 4120Z001, que corresponderia ao destinado à cidade, nunca foi enviado ao município. Ainda segundo a nota, a cidade “recebeu o lote 4120Z005 em 26 de janeiro de 2021, cujo vencimento era 14 de abril de 2021. De acordo com o sistema de controle do município, todas as doses correspondentes ao lote foram aplicadas até 1ª de março, ou seja, dentro do prazo de validade”. A prefeitura também checou as carteirinhas dos pacientes.

A prefeitura de São Sebastião, no Litoral Norte, também nega ter aplicado doses vencidas contra a covid-19. Segundo o município, houve erro na seleção dos lotes no momento de cadastro no site do Ministério da Saúde. “Portanto, a administração municipal ratifica que pessoas não foram vacinadas com doses vencidas em São Sebastião”, conclui a nota.

Já a cidade de Caçapava aguarda posicionamento do Governo do Estado de São Paulo.

A Secretaria de Saúde de Tremembé também apura os fatos junto aos órgãos oficiais do estado. “Até o momento não há a confirmação da Vigilância Epidemiológica do Estado de SP de que haja ocorrido este erro no envio de doses aos municípios”. A nota da prefeitura também informa que, se constatado o erro, entrará em contato com cada munícipe que pode ter recebido a vacina comprometida.

O que diz o Ministério da Saúde

Segundo o Ministério da Saúde, em nota publicada pela Agência Brasil, "nenhuma dose vencida de vacina contra a covid-19 é repassada aos estados e o Distrito Federal. O prazo de validade dos imunizantes é rigorosamente acompanhado desde o recebimento até a distribuição".

Ainda segundo o ministério, "os estados são orientados a distribuir imediatamente os imunizantes recebidos, sendo obrigação dos gestores locais do SUS (Sistema Único de Saúde) fazer o armazenamento correto e a aplicação das doses dentro do prazo de validade".

O órgão também acrescentou que o PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19 ) orienta que doses aplicadas fora do prazo de validade não podem ser consideradas para imunização, neste caso, é recomendado recomeçar o ciclo vacinal, respeitando intervalo de 28 dias entre as doses.

Fiocruz

Em nota, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que pertence ao Ministério da Saúde, informou que os lotes que estariam com prazo de validade expirado não foram feitos no Brasil, e sim na Índia. "Os lotes sob suspeita foram importados da Índia e são do tipo do imunizante da AstraZeneca chamado de Covishield. Os demais carregamentos foram enviados pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas/OMS)", diz a nota.

Todas as doses da Covishield foram entregues pela Fiocruz em janeiro e fevereiro dentro do prazo de validade e em concordância com o MS (Ministério da Saúde). A nota da Fiocruz ainda informa que "apoia o PNI (Programa Nacional de Imunização) na busca de informações junto ao fabricante, na Índia, para subsidiar as orientações a serem dadas pelo programa àqueles que tiverem tomado a vacina vencida”.