Paciente denuncia Santa Casa de
Ubatuba por análise errada de exame
Patrícia Rosseto/Imprensa Livre
Paulo Eduardo Domaradzki Moreira, 43 anos, denunciou a Santa Casa de Ubatuba à ouvidoria do hospital após receber laudo de pessoa saudável, sendo que convive com uma doença degenerativa, progressiva e sem cura, a Uncoartrose. O paciente deve denunciar o caso ao Conselho Regional de Medicina.
No dia 14 de junho, o médico particular de Moreira, recomendou que ele fizesse seus exames de controle. “Fui até a Santa Casa no dia 7 de julho e fiz uma solicitação por escrito da emissão deste laudo. Me informaram que o radiologista da casa estaria em Ubatuba no dia 11 de julho. Dia marcado para o retorno para buscar o laudo”.
Segundo o paciente, na data determinada, compareceu no hospital e recebeu um envelope e foi ao cartório para ter uma cópia autenticada para usá-la para renovar a Carteira de Habilitação especial e submeter à análise de juntas médicas.
Moreira afirmou que descobriu os erros do diagnóstico quando não pode protocolar o laudo no cartório, pois não tinha assinatura de quem analisou as radiografias. “Até então, eu confiava nos serviços de radiologia da Santa Casa. Quando olhei o diagnóstico, estava escrito que sou saudável. As imagens do raio-x estavam nítidas, não pude acreditar”, desabafa.
O paciente foi até o hospital questionar o resultado do laudo e a falta de assinatura. “Me pediram para retornar dia 14 de julho. Me entregaram um segundo laudo, com o nome correto do médico e sua assinatura, porém eletrônica, que o cartório também não aceitou”, relaciona.
Moreira explicou que no primeiro diagnóstico há três análises, da cervical, lombar e dorsal. No segundo, com a assinatura eletrônica do médico e novos diagnósticos, há análise de duas fases da coluna. “Porém, foi suprimido o resultado da dorsal. Questionei novamente e me pediram um prazo”, diz.
Em 15 de julho, às 10h30, retornou ao hospital. “Fui no horário marcado, o médico não estava. Voltei mais tarde e também não o encontrei. Apenas no fim da tarde pude falar com o profissional. Perguntei o motivo que o levou ao lavrar um diagnóstico de pessoa saudável e solicitei uma nova análise. Vivo a uncoartrose há dois anos”, explica.
De acordo com Moreira, o médico teve uma reação indesejada, dizendo que não havia profissional da área que pudesse questioná-lo. “Ele me disse que nem um médico com formação em Harvard poderia contestar um laudo dele. O médico disse que eu era saudável. Não quis analisar e disse que eu portava um osteófito pequeno, apenas”, descreve.
O paciente solicitou ao atendimento a presença do provedor, Silvio Bonfiglioli, que estaria em reunião. Moreira, então, conversou com a técnica em radiologia que, segundo ele, ofertou levar o laudo para Jacareí para uma nova análise. Em 17 de julho, data para buscar a reavaliação dos exames, refeitos em Jacareí, Moreira compareceu ao hospital para pegar seus diagnósticos.
“O supervisor da radiologia me entregou novos laudos, o terceiro, Explicou que ampliou as imagens e dividiu em duas radiografias para impressão diagnóstica mais detalhada. Disse que o laudo estava errado, pois não tinha uma imagem de perfil. E, por este motivo, os dois diagnósticos anteriores estavam errados. O relatório novo contraria a avaliação anterior. A avaliação médica estava correta, porém, sem uma das etapas”, explica o paciente.
De acordo com Moreira, o supervisor da radiologia pediu que os outros exames dele fossem deixados na instituição. “Nenhum laudo ou imagem pode ser retida, são documentos do paciente por direito. O supervisor me disse que não possuía os laudos anteriores”, declara.
Ele foi buscar ajuda na ouvidoria da Santa da Casa no dia 18 de julho, registrando uma reclamação. O setor pediu um prazo de 10 dias para resposta. No dia 28, o paciente conseguiu, através da ouvidoria da Santa Casa, receber os dois primeiros laudos emitidos pela instituição. “Me entregaram uma cópia. Quero a original. Preciso da original e é meu de direito”, enfatizou.
Para Moreira, tentaram criar uma nova avaliação e anular as duas primeiras. “Sem conseguir os documentos originais, poderia inclusive ser processado por calúnia e difamação pelo médico”, prevê. No dia 29, Moreira retornou à Santa Casa e pediu à ouvidoria uma declaração de autenticidade da assinatura dos exames fornecidos.
“Preciso para oficializar meu comunicado ao CRM, a respeito da negação de prestação de atendimento, diagnóstico de exame incorreto e também a postura inadequada do médico. Também reclamei por telefone ao Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) do meu plano de saúde”, declara.
Erro de digitação
A Santa Casa informou que parte da premissa de trabalhar com diversas especialidades técnicas e tem nos seus prestadores de serviços, o compromisso de um atendimento otimizado e bom relacionamento com os pacientes. Desde o fato registrado, a instituição manteve-se atendendo o reclamante conforme registros especificados na ouvidoria.
“Há um interesse sim em satisfazer o reclamante com diálogo direto entres as partes evolvidas, portanto a instituição está na busca de corrigir onde houver falhas. Diante da complexidade que é o gerenciamento dela, com quase 420 funcionários, 500 atendimentos ao dia. Atualmente a ouvidoria tem sido um importante sinalizador dos pontos que ainda necessitam de ajustes no trato com os usuários”, esclarece o hospital.
De acordo com o supervisor do Centro Diagnóstico de Imagens (CDI) da instituição, Alex Walter Walteersdoff, o CDI está melhor estruturado, tendo na equipe médicos especialistas em radiologia, que apoiam laudos de tomografia, mamografia e raio-x. Ele explicou que o ocorrido no caso do paciente Paulo Eduardo Domaradzki Moreira foi que no atendimento no dia 14 de junho deste ano, o paciente realizou os exames de raio-x de coluna cervical e lombar.
Porém, após a emissão do laudo e entrega ao paciente o mesmo questionou o laudo emitido. “Após verificar o laudo entregue ao paciente vi que havia erros de digitação, como por exemplo, médico que laudou o exame mencionava o nome do radiologista Lavosier, porém o mesmo não faz parte do quadro de radiologistas da equipe. Solicitei ao paciente deixar o exame para revisão”, explica.
Após a revisão, de acordo com o supervisor, o profissional Pedro Antônio Barreto Cordeiro emitiu um diagnóstico que o paciente questionou novamente. “Visando atender a solicitação do paciente, eu encaminhei a outro radiologista da equipe, que reavaliou este laudo e entregou ao paciente. O paciente não ficou satisfeito com o laudo anterior, realizado e também a forma que foi tratado quando buscou esclarecer o laudo emitido”, declara.
Segundo Walteersdoff, Pedro Cordeiro informou ao paciente que ele "não tinha nada", visando não deixar o paciente preocupado. Porém, foram mencionados no laudo algumas patologias”, disse. Walteersdoff acrescentou que está à disposição para esclarecimentos técnicos. “Lembrando que nossa premissa é a qualidade e satisfação aos serviços prestados”, informa.
A Santa Casa declara que se dispõe resolver a situação da melhor forma possível. “Porém, existem fatores específicos que são pertinentes aos especialistas de radiologia”, informa. O hospital explica que o laudo de Pedro Cordeiro não mencionou redução dos espaços intervertebrais, que foram mencionados no laudo de Jacareí.
“Tal fato ocorre nos laudos emitidos da ressonância magnéticas realizadas na Tomovale e Plani. No laudo da Tomovale há a menção de redução dos espaços, no laudo da Plani não. São variáveis que podem ocorrer conforme o médico radiologista que avalia o exame”, finaliza a instituição.
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