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Semana Cassiano Ricardo: Os 90 anos de Martim Cererê, o épico brasileiro

O Livro é um marco da literatura nacional

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Marim Cererê, um dos principais livros de Cassiano Ricardo, completa 90 anos.

Reprodução

 

Por Júlio Ottoboni

Esse ano um dos livros mais importantes para a literatura moderna do Brasil completa 90 anos de sua primeira edição. Em 1928 surgia no cenário nacional o primeiro épico brasileiro, Martim Cererê. Em versos, essa obra única e escrita por um gênio literário, o poeta e ensaísta Cassiano Ricardo, mostra a formação do povo e do território brasileiro.  

Aos 34 anos de idade, ao produzir esse marco da literatura nacional, o poeta revelou todo seu nacionalismo e otimismo com o país e sua diversidade. Martim Cererê veio ao mundo das letras com um subtítulo “ O Brasil dos Meninos, dos Poetas e dos Heróis”, retirado em meio às mudanças que seu autor promoveu ao longo dos tempos e em cada revisão dos poemas.

Esse é o único título de Cassiano Ricardo que sobreviveu às incúrias do tempo, a mesma negligência abjeta que marginaliza outros  grandes nomes das artes nacionais. Mas o título continua a ser editado pela José Olympio, com a persistência de um bandeirante. Sua primeira edição foi pela Editorial Helios, com ilustrações de Di Cavalcanti. Cabe dizer que Martim Cererê já nasceu como obra de arte e acabou traduzido em quase 30 línguas.

Neste mesmo  2018, de relevância semelhante, mas não superior, também se comemoram os 90 anos das publicações  modernistas como o “Manifesto Antropofágico”, de Oswald de Andrade, e de “Macunaíma”, de Mário de Andrade. Embora esse dois títulos tenham  maior destaque por parte dos pesquisadores acadêmicos e da própria imprensa.

Entretanto nada ofusca a importância de Martim Cererê foi tema da escola de samba Imperatriz Leopoldinense, em 1972. O samba enredo do Zé Katimba fez um enorme sucesso e virou o tema de abertura da novela da Rede Globo das 22 horas, chamada “Bandeira 2”. Sua última gravação foi feita por Zeca Pagodinho, numa apresentação solo, de raríssima beleza.

Apesar da importância da obra e de seu reflexo no mundo, pois foi estudada nas maiores universidades dos Estados Unidos e da Europa, com destaque para a França, e também no Brasil, a data comemorativa de Martim Cererê escapou do esquecimento neste ano pela ação da Fundação Cultural Cassiano Ricardo.

As outras entidades das “Letras”, que se estaqueiam na divulgação e promoção literária, como a Academia Brasileira, Paulista e, inclusive a Joseense,  estão mais preocupadas com o tamanho da flanela para lustrar egos opacos que propriamente na promoção do melhor da literatura nacional, estadual e local. Lamentáveis, quando não desprezíveis.

O ‘Poeta do Brasil’, como Oswald de Andrade qualificou  Cassiano Ricardo - numa longa entrevista na qual avaliava a literatura nacional e o modernismo – apresenta o reconhecimento tanto a obra, mas a importância de Martim Cererê . Nada mais justo. Dificilmente na literatura nacional surgirá um tempo tão profícuo quanto o Modernismo de 1922 e uma obra da relevância de Martim Cererê.

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Júlio Ottoboni

Arquivo Pessoal

 Júlio Ottoboni - é jornalista e escritor. Estuda há mais de 30 anos a obra e vida de Cassiano Ricardo, é autor da coletânea temática “A Flauta Que Me Roubaram”. Formado em Comunicação Social com habilitação em jornalismo, é pós-graduado em jornalismo científico pela Unitau-Unicamp. Foi curador da Semana Cassiano Ricardo e do núcleo local do Festival da Mantiqueira, ainda é autor dos textos dos livros do fotógrafo Ricardo Martins. Atuou em diversas redações, como Veja regionais, Estadão, Jornal da Tarde, Agência Estado, Gazeta Mercantil, Jornal do Brasil, Gazeta do Povo e DCI. Editor do site Envolverde.

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