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SJC: Moradores da Vila Unidos protestam contra projeto habitacional da CDHU

Com presença da PM e GCM, Prefeitura inicia cercamento de área para construção de moradias populares

Escrito por Meon

14 OUT 2025 - 13H45

Pelo bem de são jose

Moradores da Vila Unidos, na zona norte de São José dos Campos, protestaram nesta terça-feira (14) contra o início das obras de um conjunto habitacional da CDHU em parceria com a prefeitura. O projeto prevê a construção de unidades populares em uma área institucional do bairro, atualmente ocupada por praça e parquinho. A presença de um forte aparato policial, incluindo a Cavalaria da PM, chamou atenção e acirrou o clima de tensão.

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A movimentação começou logo nas primeiras horas do dia, quando trabalhadores da empresa responsável pela obra, acompanhados por equipes da prefeitura e agentes da Guarda Civil Municipal, iniciaram o fechamento da área pública para a instalação do canteiro de obras. Segundo o projeto, serão erguidas até 28 moradias populares por meio do programa estadual da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).

A população local, no entanto, critica a falta de diálogo prévio e denuncia a retirada de espaços de convivência da comunidade, como o parquinho infantil e a academia ao ar livre. Uma das principais críticas é sobre o novo local designado pela prefeitura para reinstalar o parquinho, considerado perigoso por estar situado em uma ribanceira.

O ponto mais tenso da ação foi quando houve tentativa de cortar uma árvore localizada dentro do terreno onde será construído o canteiro de obras. Moradores se posicionaram fisicamente para impedir a derrubada, o que forçou a suspensão da remoção.

A prefeitura alega que o corte de até seis árvores exóticas está previsto dentro do licenciamento ambiental e que os equipamentos retirados serão recolocados em outro ponto do bairro, com adequações. Ainda assim, a população critica a maneira como o processo vem sendo conduzido — sem audiências públicas ou consultas comunitárias — e teme os impactos ambientais e sociais da obra.

Essa não é a primeira vez que a comunidade entra em confronto com as autoridades locais. No mês passado, outro protesto contra a retirada da praça terminou com a Guarda Civil Municipal utilizando gás de pimenta para dispersar os moradores, episódio que gerou revolta e denúncias de abuso.

Durante a operação desta terça-feira, uma advogada representando os moradores esteve no local, juntamente com representantes da prefeitura, para tentar mediar o impasse. Apesar da tensão, não houve confronto físico ou registros de violência.

Do ponto de vista jurídico, os moradores protocolaram uma ação na Justiça pedindo a suspensão imediata da obra. O processo segue em tramitação e aguarda decisão. Caso a liminar seja concedida, o projeto poderá ser temporariamente barrado.

A disputa em torno da obra da CDHU na Vila Unidos levanta um debate necessário sobre o modelo de urbanização adotado em São José dos Campos: até que ponto o avanço de projetos habitacionais justifica a retirada de espaços públicos já consolidados pela comunidade?

Enquanto a prefeitura defende a legalidade do projeto e sua importância social, moradores denunciam o esvaziamento do diálogo e o uso desproporcional da força pública. A judicialização do caso pode atrasar ou até suspender o empreendimento, mas o desgaste político já está consolidado.

Esse embate entre infraestrutura e pertencimento comunitário revela um desafio crescente nas políticas urbanas: não basta construir moradias — é preciso respeitar os territórios e os vínculos sociais que os sustentam.


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