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Bulas Semanais: Tiradentes – Um sonho de liberdade!

Leia a coluna de Felipe Cury

Colunista Felipe Cury (Reprodução)

Escrito por Felipe Cury

19 ABR 2024 - 15H36 (Atualizada em 19 ABR 2024 - 15H53)

Reprodução

O PENSAMENTO: “O homem livre é senhor de sua vontade e somente escravo de sua consciência” – Aristóteles

O FATO: Um pouquinho antes da relativa independência do Brasil a constante retirada de nossas riquezas por meio de impostos excessivos, e do ouro produzido na capitania de Minas de Gerais, a Coroa portuguesa cobrava o quinto, isto é, o equivalente a 20% do total extraído.

Esses impostos excessivos chegavam à exorbitância de 12% que o brasileiro tinha de recolher aos cofres do Governo Luso (hoje NÓS pagamos em torno de 40%, docilmente). O problema agravou-se mais ainda quando, para reverter a margem defasada dos impostos recolhidos, a Coroa portuguesa autorizou a implementação da chamada DERRAMA, que obrigava os mineradores a cobrirem suas dívidas com suas posses, isto é, tudo aquilo que lhes pertencia como objeto de valor, o que faltava na quantia do quinto.

A convocação de uma derrama deu força a uma conspiração contra Portugal, e Tiradentes uniu-se a esse movimento. Tiradentes e os outros envolvidos na Inconfidência se levantaram contra o governo de Visconde de Barbacena e o Império Português. Intelectuais como Cláudio Manuel da Costa e o Desembargador Tomás Antônio Gonzaga, ambos poetas foram algumas das personalidades importantes com as quais Tiradentes se juntou com o objetivo de retirar do poder o então governador da capitania de Minas Gerais, Visconde de Barbacena.

Tiradentes chegou a tramar a morte do Visconde de Barbacena, e isso só não foi concretizado porque Barbacena, por meio da confissão de um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, desmantelou a trama e prendeu todos os envolvidos. O Brasil passou a ter o seu “judas iscariotes”.

Muitos dos inconfidentes presos, temendo severas punições, não confessaram seus crimes. O único a assumir sua participação na conspiração foi Tiradentes, que, por isso mesmo, recebeu a pena mais dura em um processo transcorrido na cidade do Rio de Janeiro que só teve fim em 21 de abril de 1792.

Esse movimento colossal que viria a ser o marco inicial da INDEPENDÊNCIA DO BRASIL, foi o ponta pé inicial para o Grito do Ipiranga. Esses episódios tornaram-se históricos, dramáticos e até cinematográficos. Objetos de livros fascinantes. Todavia, o honrado dever para com a história dos escritores-historiadores, nem sempre foi completo e isento, como pretendia Oscar Wilde.

Nesse caso da Inconfidência Mineira, lamento profundamente a omissão propositalmente feita ao PADRE JOSÉ DA SILVA E OLIVEIRA ROLIM. O PADRE ROLIM. O acervo literário do Vale do Paraíba, de São Paulo e até do Brasil deve muito a ROBERTO WAGNER DE ALMEIDA. Um dos escritores mais lúcidos e inteligentes para orgulho nosso (V. págs. 40 e 41 do meu segundo livro, ENTRE LINHAS DE LUZES).

Roberto Wagner fez um trabalho de pesquisa árdua publicada em seu livro “ENTRE A CRUZ E A ESPADA” (este livro está esgotado, mas pode ser adquirido pelo site ESTANTE VIRTUAL, na internet, em nome do livro ou de Roberto Wagner de Almeida). É o melhor trabalho de pesquisa histórica séria que já li. Segundo Kenneth Maxwell, Nova York, 2020, Roberto Wagner põe em foco uma das figuras mais enigmáticas da Conjuração Mineira. Nele, Wagner revela a trajetória dramática e romântica e a pressão exacerbada religiosa contra o Padre Rolim.

A propósito, na edição da formidável revista VEJA, de 17 de julho de 2002, foi publicado na coluna “O que estou lendo”, sensacional entrevista de ZIRALDO com Roberto Wagner, enaltecendo-o. Livros e pesquisas de Roberto Wagner de Almeida deveriam ser difundidos nacionalmente, como preciosidade didática e lídimo vigilante de nossa História.

Padre Rolim muito provavelmente foi o principal inconfidente. Era muito rico, por causa dos negócios de diamantes e financiador da grande revolta. Pregava a liberdade nos lares, nos bares, nos cabarés, nas igrejas, nas escolas e nas praças. Tiradentes certamente foi um herói incontestável e era muito próximo ao Padre Rolim.

A partir da segunda metade do século XIX, a imagem de Tiradentes foi resgatada e ele passou a ser divulgado como um herói. Com a Proclamação da República, em 1889, esse movimento se tornou mais intenso, uma vez que os republicanos estavam no poder e, agora, precisavam de ter personalidades históricas que os representassem. Por conta disso, uma série de pinturas de Tiradentes começaram a ser feitas, muitos associando o militar com Jesus Cristo fisicamente e transmitindo a ideia de que ele foi um mártir.

Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, foi um dentista, tropeiro, minerador, comerciante, militar e ativista político que atuou nas capitanias de Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Nascimento: 12 de novembro de 1746, Ritápolis, Minas Gerais;

Falecimento: 21 de abril de 1792, Rio de Janeiro;

Filhos: Joaquina da Silva Xavier, João de Almeida Beltrão.

COLUNISTA

Felipe Antônio Cury, mineiro de Três Corações, reside há mais de 60 anos em São José dos Campos.

Formado em Ciências Jurídicas e Administrativas, pela Fundação Joseense de Ensino, foi Professor de Língua Portuguesa e Comunicação, na Escola Técnica “Olavo Bilac”.

Foi presidente da ACI - Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, por 8 anos, além de ocupar outros importantes cargos em diversas instituições do município.

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