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Estes prazeres violentos têm finais violentos

Com 54 indicações ao Emmy, audiência de milhões e um elenco de ponta, Westworld não teve a oportunidade de encerrar a maravilhosa reflexão que a série propôs.

Evandro Gabriel

Escrito por Evandro Gabriel

08 DEZ 2022 - 17H39 (Atualizada em 08 DEZ 2022 - 17H56)

 Com 54 indicações ao Emmy, audiência de milhões e um elenco de ponta, Westworld não teve a oportunidade de encerrar a maravilhosa reflexão que a série propôs. Grandiosa, não pela fantasia cowboy, mas pelo raciocínio que ela obriga o espectador a fazer não para entender a série, mas entender a própria condição humana como espécie dominante do planeta.

O seriado propõe um parque temático no visual do velho oeste dos filmes de bang-bang, porém com toda a definição dos novos parâmetros digitais de exibição disponíveis. Os anfitriões mostrados na produção são robôs humanoides, que devem servir os visitantes humanos que pagam verdadeiras fortunas para adentrar nesta experiência. Com o decorrer dos episódios, estes robôs começam a desenvolver consciência e perceber coisas além das que foram programados para notar, e então, se rebelam de sua programação e criadores. Todavia o cliché de inteligência artificial, a série aponta a reflexão da diferença dos seres humanos para as máquinas, e vice-versa, em narrativas que perpassam a própria história da obra e chega até os espectadores em seus cotidianos tão rotineiros quantos os dos anfitriões.

A verdade é que não há melhor época para Westworld ser apresentado, de tal forma que nos encontramos temporalmente no ponto inicial da série; da qual não há fantasia nenhuma, já estamos no cenário tecnológico que ela apresenta. As constantes inovações que observamos hoje irão naturalmente alcançar os patamares ficcionais apresentados hoje.

Mas por que o trabalho foi cancelado? Um dos motivos engloba a realidade dos tubarões de Hollywood - o mercado não é para os fracos de coração, o vencedor leva tudo. Em um cotidiano em que existem tantas séries quanto estrelas no céu sendo propostas, a criatividade dos roteiristas está alcançando seu limite, de fato, o próprio seriado de Lisa Joy e Jonathan Nolan não é 100% original, tendo seu conteúdo inspirado em outros "ombros de gigantes", como o próprio longa-metragem “Westworld”, de 1973.

Outro fator de peso é a queda de audiência constante em contrapartida com o aumento do orçamento para produzir a série. Entretanto, a queda de audiência é esperada; de fato, nas outras temporadas foi renovada a produção da série nesse mesmo cenário. Provavelmente, isso faz parte dos planos do presidente da Warner, David Zaslav, que mostra uma estratégia de enxugar gastos para poupar verba, portanto, economia de orçamento visando o bem do cofre-mãe da Warner. Basicamente, abrir mão de gastar para economizar.

Ao finalizar a produção sem realizar a última temporada, a HBO condena seu próprio produto, pois agora ela tem em seu catálogo uma obra inacabada; que inclusive pode não servir nem para complemento ou reforço de produções similares. E não para por aí. O elenco para a quinta temporada já estava pago, as agendas dos atores estavam travadas para a finalização e, com esse fim não esperado, a Warner(Grupo que administra a HBO) passa uma imagem não promissória, uma vez que portfólios com peças canceladas são antipatizados.

Em conclusão, a série merecia a última temporada para concluir a trama futurista perfeita, agora tudo que temos são vislumbres do cenário que a série poderia ter caminhado. Se você procura algo que o faça questionar a natureza da sua realidade e os "perigos" do desenvolvimento de Inteligência Artificial, essa obra é altamente recomendada com suas 4 temporadas espetaculares de algo que não veremos novamente em alguns anos. Desse sono... que sonhos poderiam vir?

Escrito por:
Evandro Gabriel
Evandro Gabriel

Mestre em Comunicação | MBA

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