Por Frank Koji Migiyama Em Blog e Colunas Atualizada em 26 ABR 2021 - 12H13

Transporte Urbano e Rodoviário do Brasil em colapso

Empresas precisam de ajuda do poder público neste segundo ano de COVID-19

Os efeitos da COVID-19, descrita pela Organização das Nações Unidas como uma “pandemia de proporções apocalípticas”, são extremamente prejudiciais nas relações socioeconômicas, seja pelas consequências na saúde da população ou pelo resultado das variadas medidas de controle e enfrentamento da crise de saúde pública, sem precedentes na recente história mundial.

Neste cenário, a adoção de medidas de isolamento social, com a suspensão de diferentes atividades econômicas e restrição na circulação de pessoas impostas pela situação de calamidade pública, impactaram de sobremaneira o setor de transporte coletivo, com a redução drástica do número de passageiros.

Ressalta-se que há tempos este setor vem enfrentando as dificuldades do mercado, em decorrência de políticas tarifárias defasadas e principalmente pela concorrência desleal praticada pelos serviços clandestinos, privados de passageiros e “carona”, como Uber, 99, Blablacar, entre outros.

Todavia, não se pode olvidar a importância do transporte público, garantido como direito social/fundamental pela Constituição Federal, lei maior do país, para dignidade de todo cidadão.

Diante da extrema gravidade, o cenário que se vislumbra é avassalador, e caso não se tenha efetivo apoio financeiro do poder público, considerando a inexequibilidade da prestação do serviço, temos visto empresas de transporte urbano pedindo recuperação judicial e outras praticamente parando sua operação, e consequente demissão em massa de funcionários, além da possível paralisação da operação, prejudicando a tão sofrida população que depende deste meio de transporte.

Vale citar que a NTU – Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, compartilhou uma estimativa de que metade das empresas de ônibus do país vão colapsar e falir. E que a retomada para o setor deve ocorrer em no mínimo dois anos.

Nós, como executivos da FKConsulting.PRO, assessoria de gestão especializada em Turnaround e Reestruturação | Recuperação Judicial, M&A, IPO, temos assessorado várias empresas do setor de transporte urbano, rodoviário, de carga. Encontram-se numa avaliação geral, em alguns casos, empresas mal geridas, mas em outros, verificamos redes de transporte desequilibradas e temos enfrentando a morosidade do poder público, em reequilibrar os contratos. Por muitas vezes, o serviço opera sem muito planejamento, o que afeta também as operações das empresas de ônibus.

E com a demanda crescente em melhorar a qualidade da prestação de serviço e com as gratuidades exigidas, também verificamos no diagnóstico empresarial que o sistema de transporte público no país está estruturado com uma política tarifária incompatível. Junta-se às presenças de outros meios de transporte concorrente impactando na queda de passageiros, com a crise atual, vimos empresas sobrevivendo literalmente.

Desta maneira, cabe ao Poder Público buscar soluções para mitigar os efeitos gravosos da pandemia, garantindo o equilíbrio econômico/financeiro do serviço de transporte coletivo de passageiros, neste momento de completa anormalidade social.

O correto tratamento dos impactos esperados, e, muitos deles, já manifestados com a pandemia, demanda soluções inovadoras, dentro do regime geral e dos princípios regentes da Administração Pública, podendo citar a isenção de impostos, a concessão de subsídios tarifários, a automação do sistema de cobrança, entre tantos outros, por exemplo.

Contudo, qualquer solução atual irá capturar uma realidade intransponível: somente será possível avaliar e quantificar todo o impacto do período atual nos contratos administrativos e impacto para a sociedade quando superarmos esse segundo ano de COVID-19, ou quando chegarmos muito próximo disso.

A ordem do dia é intensificar as conversas com o poder público que deve ser sensível e executor das medidas acima, por exemplo, para salvar o setor de transporte coletivo que tem papel social importantíssimo. Temos ajudado as empresas em crise, na revisão do plano de custos e despesas, assim como no pilar de receita, fazendo diagnóstico constantes de equilíbrio financeiro com revisão, por exemplo no setor logístico, de rotas e escalonamento dos ônibus, para capturar o máximo de passageiros nos horários de maior ocupação e de forma que se cumpra os requisitos dos contratos, autorizações e concessões.

Vamos em frente!

Escrito por
Frank Kijo (Arquivo Pessoal)
Frank Koji Migiyama

Master Business Administration pela FGV. Engenheiro formado pelo IME - Instituto Militar de Engenharia. Possui certificações em Master Black Belt em Lean Six Sigma, Kaizen Specialist Japan. Conselheiro de administração pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Experiência de mais de 23 anos ocupando cargos de nível C (CEO/COO/CFO) nos setores industrial, varejo, aeronáutico, agronegócio, transporte, energia, terceiro setor e de consultoria. Professor convidado no programa LLM da CEU LAW - IESE SP.

Atuação em diversas empresas nacionais e multinacionais.

Atualmente é sócio fundador da empresa de consultoria empresarial FKConsulting.PRO, especializada em Turnaround, Reestruturação, Recuperação Judicial, Gestão Interina, Gestão Judicial, M&A, IPO e Inovação.

frank@fkconsulting.pro | www.fkconsulting.pro

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