Há uma mistura entre o presente e o passado. Da panela de ferro, os copos no balcão, a risada que vem da cozinha — tudo em Gonçalves parece lembrar que comer é um ato coletivo. A cidade da Serra da Mantiqueira Mineira, cercada por montanhas e por modos de fazer ancestrais, se prepara para os 10 anos do Festival de Gastronomia e Cultura daRoça, que acontece de 19 a 30 de novembro de 2025, um evento que impacta toda a economia local e transforma o território com inovações a cada edição.
Durante mais de uma década, já que houve hiatos no período, o festival foi muito além da mesa. Foi pioneiro em unir gastronomia, cultura popular e sustentabilidade antes que esses conceitos se tornassem usuais. Criado para valorizar quem realmente produz, o evento deu palco à roça viva — às quitandeiras, aos agricultores, aos mestres da comida simples, à economia que pulsa nos quintais e nas cozinhas compartilhadas.
O que começou como uma celebração da culinária rural se tornou um laboratório de identidade. Em 2024, a pesquisa RaioX de Opinião, realizada pela consultoria Rumbelsperger Antropologia para Negócios, mostrou o que já se sentia nos bastidores: o público não quer apenas provar, ele quer participar. Quer pôr a mão na massa, aprender, escutar as histórias de quem faz o pão, o queijo, o doce de tacho. A cozinha-show, antes um palco para chefs, agora se transforma em Cozinha em Roda conduzida por Mestres e Mestras quitandeiras da cidade de Gonçalves e região.
A 10ª edição chega com um novo gesto: o de reconhecer a diversidade que cozinha o Brasil. Este ano, o festival celebra também o Dia da Consciência Negra, lembrando que a cozinha mineira e brasileira é herdeira de mãos pretas. A programação traz homenagens à ancestralidade afro-brasileira, apresentações culturais e uma vivência especial dedicada à cozinha ancestral — das panelas de barro às folhas que curam, dos temperos de quintal às histórias que atravessam gerações. Um dos espaços do evento é envolto por uma obra do artista Diego Mouro, de 2020, chamada Muro das Honrarias, onde a congada é a protagonista. O artista retorna a Gonçalves durante a programação do Festival.
Na Mantiqueira, cada prato carrega uma origem. A diversidade está no milho vermelho da polenta, no café artesanal, no azeite de montanha, na cachaça envelhecida, no feijão colhido a poucos metros da cozinha. É uma sinfonia de saberes e sabores. A edição de 2025 conta com uma mentoria gastronômica coletiva e individual, conduzida pela chef Daniela Salim, que provocou os restaurantes a criarem pratos originais — cada um como um instrumento afinado. Juntos, formam uma orquestra de sabores que representa a identidade local em sua essência: humano, colaborativo e territorial.
Os restaurantes participantes já são um retrato desse encontro entre roça e contemporaneidade. O Da Terra traz o Leitão à Pururuca do Zé; o Sabor sem Freio apresenta a Truta com Virado Encapotado; o Raiz de Bruma aposta em um Arroz Cremoso de Maniçoba com Carne de Lata e Molho de Cupuaçu; o Allora serve um Fettuccine de Cogumelos com Flores e Capuchinha; o Serrapasta prepara sua Lasanha Verde com Ragú de Frango Caipira. Os doces, como o Tiramissu Mineiro com Requeijão de Corte e o Pudim de Cachaça, completam o banquete da memória.
Mas não são só os restaurantes que contam essa história. O festival abre espaço para mais de 30 produtores e marcas regionais — entre elas, Sítio Miralua, Oliq, Terras de Monã, Bendita Torra, Aflorar, Senhora das Especiarias, Vinícola Artesã, Casa Mantiva e Casa dos Cogumelos. Eles são os verdadeiros protagonistas, as mãos que plantam, fermentam, moem, colhem, torrefazem e curam.
E como toda boa celebração mineira, o festival se espalha pela cidade: na feira de produtores, nas ruas com música, nos almoços que viram prosa. Gonçalves se transforma em uma cozinha a céu aberto, onde o tempo desacelera e o sabor ganha nome e rosto.
Dez anos depois, o Festival de Gastronomia e Cultura da Roça segue firme em seu propósito: mostrar que o futuro da gastronomia brasileira nasce do campo — das cozinhas que resistem, das mãos que cuidam e das histórias que, entre farinha e fogo, transformam alimento em identidade. Assim, a cozinha show dá lugar a Cozinha em Roda será palco dos Mestres e Mestras quitandeiras da cidade de Gonçalves e região.
E, para se juntar a essa turma cheia de saber e generosidade, Heloisa Bacellar — cozinheira, escritora, professora e pesquisadora — que fez da cozinha um território de afeto e de memória. Formada pela Le Cordon Bleu, em Paris, Helô é reconhecida por traduzir a simplicidade e a delicadeza da comida de raiz em gestos contemporâneos.
Embora paulistana, viveu as férias da infância na Serra da Canastra, Minas e em São Luiz do Paraitinga, Vale do Paraíba, onde aprendeu com a avó o valor da comida feita com tempo, lenha e carinho. Por isso, não quis ficar de fora deste momento de valorização da cozinha da roça: no dia 22 de novembro, ela comanda uma tarde especial “Na Cozinha da Helô” com café passado na hora e três quitutes de guardar na lata, daquelas delícias que a gente prepara para servir e comer com as visitas de Gonçalves e da região.
Uma vivência para celebrar, lado a lado com as quitandeiras da Mantiqueira, teremos os sabores que unem o campo e a cidade — uma roda de saberes, cheiros e afetos que reafirma a cozinha como o coração da cultura da roça.
A programação do Festival de Gastronomia de Gonçalves traz também atividades infantis e a exposição “À mesa”, que apresenta utensílios produzidos por artistas locais, com rodas de conversa e atividades durante o período.
O livro de receitas "Quitutes de Gonçalves” com receitas tradicionais também será lançado durante o festival para que os visitantes possam levar esses registros vivos da cultura da roça para casa.
“O festival nasceu de forma simples, com cinco restaurantes da roça, conduzidos por quem cozinhava com o coração e com saberes passados de geração em geração. Hoje, muitas daquelas mulheres que iniciaram esse movimento — as quitandeiras e anciãs da cozinha — já não estão mais à frente das panelas, mas permanecem como inspiração. É um legado vivo: o festival cresce, se renova e segue honrando quem abriu o caminho e transformou a roça em cultura”, afirma a organização do Festival de Gastronomia e Cultura da Roça de Gonçalves.
O 10º Festival de Gastronomia e Cultura da Roça, de 19 a 30 de novembro de 2025, ID nº 17.681 pelo Edital 11/2024 – Política Nacional Aldir Blanc, é uma realização do Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura, com apoio do Governo de Minas Gerais e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult MG). A organização é da Associação Pró-Turismo de Gonçalves (GonçalvesTur) e a produção da Rural Produtora. Conta com o patrocínio de Sabor Sem Freio, Tramontina Hospitality, Sítio Miralua, Pousada Espelho D’Água e Clube da Casa Campeão, além de diversos parceiros e patrocinadores do comércio local, que fortalecem o movimento coletivo em torno da gastronomia e da cultura da Mantiqueira. O festival tem o apoio e parceria da Prefeitura Municipal de Gonçalves e da Diretoria de Turismo e Cultura. Tem ainda o apoio institucional da ACEGON – Associação Comercial e Empresarial de Gonçalves e da IGR Serras Verdes do Sul de Minas.
Serviço:
Festival de Gastronomia e Cultura da Roça de Gonçalves -MG
Data: de 19 a 30 de novembro
Local: Clube Recreativo, praça ao lado da Prefeitura e estabelecimentos participantes
Programação completa em www.gastronomiagoncalves.com.br
Instagram: @festival.gastronomia.goncalves
Mais informações e assessoria de imprensa:
Mariana Bacci
11 966141898
mariana.bacci@me.com
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