Metrópole

Carros elétricos: ícones de economia e sustentabilidade

Isenção de impostos é uma das vantagens

Escrito por Meon

01 MAR 2024 - 17H23 (Atualizada em 01 MAR 2024 - 17H51)

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O tema Carros Elétricos faz parte da edição de fevereiro da Metrópole Magazine.

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Engana-se quem pensa que os benefícios dos carros elétricos e híbridos ficam apenas no setor da sustentabilidade, apesar dessa ser a área mais beneficiada pelos efeitos derivados do uso crescente dessa tecnologia. Bem diferente dos motores dos carros comuns, os elétricos e os híbridos são alimentados na maior parte por energia elétrica, enquanto os demais, usam combustíveis fósseis. O uso da energia elétrica barateia os abastecimentos e otimiza o funcionamento dos motores aumentando assim a sua eficiência. Além disso motores híbridos e elétricos são mais silenciosos, dão menos manutenção e pagam menos impostos.

Porque poluem menos

Na comparação com os modelos tradicionais, o carro elétrico tem a geração de CO₂ reduzida em aproximadamente 33% durante a vida útil do veículo. Isso ocorre por duas razões: a primeira é que a maior parte da produção de gás carbônico ocorre durante a fabricação do carro, limitando a área de abrangência da poluição; a segunda é que, enquanto o veículo é utilizado, ele compensa a maior produção de CO₂ durante a fabricação, já que o carro não produz fumaça, ao contrário dos automóveis comuns. 

Quase não dão manutenção

Outra grande vantagem do carro elétrico é o menor custo de manutenção. Como o motor é bem mais simples do que o de um veículo tradicional, é muito mais difícil que um problema ocorra. Estudos indicam que os custos de manutenção de um carro elétrico são 20% menores do que um tradicional. Em caso de necessidade de conserto, os valores são, em média, 15% mais baixos.

De acordo com o chefe de oficina da Volvo, Luís Henrique de Oliveira os carros elétricos, na verdade não têm um motor propriamente dito para sofrer manutenção. O sistema de refrigeração das baterias é diferente do motor a combustão. “Com isso, você tem um carro praticamente livre de manutenção e de agentes externos”, justifica Oliveira.

Pagam menos impostos

O carro elétrico também tem um custo menor na hora de pagar o IPVA. Há programas neste sentido em alguns estados brasileiros, que incentivam e estimulam tanto a indústria quanto os consumidores. No Distrito Federal, por exemplo, os proprietários de carros elétricos e híbridos têm 100% de isenção no imposto. No Rio de Janeiro, os carros totalmente elétricos pagam 0,5% de IPVA, alíquota que sobe para 1,5% nos híbridos.

São Paulo ainda está à espera de uma legislação que isente o IPVA de híbridos e elétricos, uma parte do projeto de lei que foi vetada pelo governador Tarcísio de Freitas. Apesar disso, a capital paulista oferece 50% de restituição do imposto para aqueles que adquirirem carros desses dois tipos. Outro benefício para donos de carros elétricos e híbridos na capital paulista é a dispensa do rodízio veicular.

Gastam menos com abastecimento

A energia elétrica, em geral, é mais barata que os combustíveis fósseis como a gasolina e o etanol. Dessa forma, o custo para abastecer um carro elétrico é potencialmente menor do que os valores dispendidos para manter um veículo tradicional rodando. É verdade que a autonomia do carro elétrico ainda pode melhorar bastante, para que não precise ser recarregado tão frequentemente, porém, avanços já são percebidos no mercado.

Da mesma forma que a autonomia das baterias de celulares vêm aumentando, com o avanço da tecnologia, isso também vem ocorrendo com os carros elétricos. Nos modelos que funcionam à base de hidrogênio, a autonomia já é maior, chegando a 350km sem abastecer em testes realizados no mercado. Outro fator importante é que, além de o custo ser menor para abastecer, são eliminadas outras despesas como troca de óleo, por exemplo.

Os motores elétricos não demandam o uso desse tipo de produto. Todas essas mudanças somadas reduzem em aproximadamente 50% o custo de um carro por quilômetro rodado. A empresaria Graziela Pereira, 45, que tem um carro elétrico há 4 meses, gastava cerca de R$ 500 por mês para abastecer seu carro movido a gasolina. Hoje esse gasto é de R$ 120, ou seja, uma economia de 70%.

Possuem maior desempenho

Dirigir em um engarrafamento é muito mais econômico em um carro elétrico. Isso porque o motor consome energia de forma mais eficiente nos momentos de aceleração e desaceleração. Um motor movido a combustíveis fósseis consome altas doses no "anda e para" frequente em situações de tráfego intenso. A eficiência do carro elétrico chega a ser de 90%, no que diz respeito ao consumo de energia, enquanto isso, o carro comum tem eficiência de apenas 40%.

Ou seja, no modelo elétrico, a energia necessária é menor para se fazer o mesmo esforço. No fim das contas, de acordo com um estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente, que trabalha na área dos transportes e do ambiente, a gasolina sintética tem uma eficiência geral muito baixa, em torno de 16-20%. Graças à eletrificação direta, os carros movidos a bateria atingem picos de 77%.

Segundo dados da concessionária de energia EDP, a autonomia média de um carro elétrico varia de 100 até 500 quilômetros rodados com apenas uma recarga da bateria. Esse número pode variar de acordo com o modelo e o estilo do carro. Graziela explica que para minimizar a dificuldade de encontrar locais para abastecer seu carro elétrico, ela tomou três medidas: instalou um carregador em seu estabelecimento comercial, comprou um carregador portátil e antes de sair em viagem, mapeia postos de abastecimento em seu caminho. “Quando vou a São Paulo, por exemplo, eu já sei onde parar para abastecer e calculo a autonomia do veículo para chegar até eles. Aqui em São José, deixo o carro carregando enquanto faço compras nos shoppings. É prático!”, declara a empresária.


Empresária Graziela Pereira abastece carro em seu estabelecimento


Sem barulho

Quando se fala em poluição sonora, o carro elétrico também leva vantagem sobre o seu concorrente tradicional. Os motores movidos a gasolina e outros combustíveis fósseis são mais barulhentos, causando um impacto muito maior nas cidades. Os motores elétricos são tão silenciosos que a União Europeia criou uma lei que obriga as montadoras a inserirem um ruído artificial nos seus carros. Esse barulho deve surgir, especialmente, quando o carro está se movendo em baixas velocidades, enquanto são feitas manobras para estacionar, por exemplo, evitando que deficientes visuais sofram acidentes.

Cidade do futuro

Em São José dos Campos a Prefeitura mantém a frota da Guarda Civil Municipal 100% elétrica desde 2019. Recentemente, em agosto do ano passado, a frota de 38 carros foi renovada. São 30 veículos da GCM e 8 da Polícia Militar atendendo ao programa de Atividade Delegada. A montadora asiática BYD foi a vencedora da licitação para a locação dos veículos. O valor mensal do aluguel é de R$ 3,9 mil por veículo. Em São José dos Campos, segundo o Google, há cerca de 20 estações de carregamento de carros elétricos. O número de conectores e o tipo de carregamento (existem 4 modelos) depende da estrutura de cada uma.

Quanto custa?

Ainda não há carros elétricos produzidos no Brasil. Eles devem começar a ser fabricados no final de 2024 pela BYD, na antiga fábrica da Ford, em Camaçari, na Bahia. Esse é uma das razões para que os carros elétricos hoje, ainda sejam considerados caros no país. Para se ter um carros desses no Brasil, tem que ser importado. O valor varia de R$ 147 mil ( modelo Renaut Kwind - e-Tech) a R$ 1,4 milhões ( Merdeces Benz -  53 4matic AMG).

Certos incentivos fiscais até podem atenuar esse problema durante períodos específicos, mas de forma geral a tributação em cima dos carros elétricos ainda é maior do que a de um carro a combustão no Brasil. No vizinho estado de Pernambuco, a concorrente Stellantis também aposta as fichas na descarbonização e na eletrificação/hibridização. O parque da montadora franco-italiana, localizado em Goiana (Grande Recife) e considerado um dos mais modernos do setor automobilístico no mundo, lança o primeiro híbrido este ano.

Mercado Brasileiro

O mercado de veículos eletrificados leves no Brasil atingiu um total de 49.052 unidades vendidas nos primeiros oito meses de 2023, um aumento de 76% em relação ao mesmo período de 2022, quando foram emplacados 27.812 automóveis. Os dados são da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). A participação no mercado automotivo também está aumentando.

De janeiro a agosto de 2023, os eletrificados leves alcançaram 3,6% de market share em relação às vendas totais de veículos. Em 2022, essa fatia era de 2,29%. O levantamento considera os automóveis leves híbridos (HEV), híbridos plug-in (PHEV) e elétricos puros (BEV) e HEV flex.

A maior concentração de veículos eletrificados está na região Sudeste, com destaque para o estado de São Paulo, que responde por 35% dos emplacamentos. Dados da ABVE indicam ainda que municípios como Anápolis (GO) e Campinas (SP) têm desempenhado um papel significativo na adoção de veículos eletrificados. As duas ocupam, respectivamente, o sexto lugar, com 1.396 emplacamentos, e o sétimo lugar, com 1.067, no ranking das cidades com maior número de registros no período de janeiro a agosto de 2023.

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