A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) divulgou uma nota neste domingo (28) levantando a suspeita de que o metanol utilizado para adulterar combustíveis por facções criminosas possa também estar sendo direcionado para a falsificação de bebidas alcoólicas.
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A preocupação surgiu após a confirmação de duas mortes por intoxicação em São Paulo, uma na capital e outra em São Bernardo do Campo, provocadas pelo consumo de bebidas contaminadas com a substância. Outros dez casos semelhantes seguem em investigação, todos registrados na capital paulista.
Conexão com o crime organizado
De acordo com a ABCF, a recente operação policial que atingiu distribuidoras e formuladoras de combustíveis ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ter forçado a facção a revender estoques de metanol a destilarias clandestinas. A hipótese é que, com os tanques lacrados e atividades bloqueadas, o produto tenha sido desviado para quadrilhas especializadas em bebidas falsificadas.
A entidade alerta que, ao contrário de pequenas fraudes, esse esquema representaria lucros milionários para o crime organizado e um risco direto à saúde dos consumidores.
Operação contra combustíveis adulterados
No mês passado, a maior operação já realizada contra o PCC identificou um esquema bilionário de adulteração de combustíveis. O metanol era importado pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, com documentação que indicava uso industrial legítimo. Contudo, o produto era desviado para postos da Grande São Paulo, onde era misturado ilegalmente à gasolina e ao etanol em proporções acima do limite de 0,5% permitido pela ANP.
Riscos do metanol
O metanol é um líquido incolor e inflamável que, mesmo em pequenas doses, pode causar intoxicação grave. No organismo, a substância é metabolizada em formaldeído e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos que podem levar à cegueira, convulsões, coma e até à morte. A dose mínima letal é estimada em 80 gramas, embora sintomas visuais possam aparecer com a metade dessa quantidade.
Alerta do governo
Diante da escalada de casos, o Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu uma recomendação urgente a bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, supermercados e plataformas digitais. O documento orienta estabelecimentos a reforçar o controle sobre as bebidas comercializadas, checar lacres e embalagens e desconfiar de preços muito abaixo do mercado.
A nota ainda recomenda atenção imediata a sintomas como visão turva, dor de cabeça, náusea e confusão mental. Nessas situações, deve-se encaminhar o consumidor para atendimento médico, acionar a Vigilância Sanitária e preservar os lotes suspeitos para perícia.
Impacto econômico e social
Segundo dados da ABCF, o setor de bebidas é o mais afetado pelo mercado ilegal no Brasil. Em 2025, as perdas foram estimadas em R$ 88 bilhões, somando evasão fiscal e prejuízos às indústrias. A entidade afirma que, desde o fim do sistema Sicobe, responsável por rastrear a produção de bebidas no país, houve aumento expressivo no volume de falsificações.
Para a associação, além dos prejuízos financeiros, o maior impacto recai sobre a saúde pública. “Nada é mais grave do que os riscos aos consumidores, que podem sofrer falência hepática, cegueira e até morrer ao ingerir bebidas adulteradas”, destacou em nota.
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