RMVale

RMVale: Violência contra mulheres soma 265 incidentes esse ano

Levantamento revela disparidade entre ocorrências e registros formais

Escrito por Meon

05 AGO 2025 - 18H30 (Atualizada em 05 AGO 2025 - 18H55)

reprodução

Em 2025 até o momento, a Região Metropolitana do Vale do Paraíba já contabilizou 265 casos de violência contra mulheres, sendo formalmente denunciados apenas 52, segundo dados oficiais. O ritmo segue abaixo dos números registrados em 2024 — quando houve 604 incidentes e apenas 110 denúncias —, evidenciando uma persistente cultura de silêncio e impunidade.

👉 Receba as notícias do dia – clique AQUI para seguir o canal MEON no WhatsApp!

Apesar da queda nos registros brutos em relação ao ano anterior, a subnotificação permanece intensa: apenas 20 % dos casos são formalmente denunciados em 2025, percentual semelhante ao de 2024. Essa lacuna entre agressões sofridas e denúncias oficiais reflete barreiras estruturais que vão da dependência econômica à falta de confiança nos órgãos responsáveis.

A advogada Ellen Santos, coordenadora de curso de Direito no Vale, destaca que o medo, a dependência afetiva e a desinformação sobre os direitos das mulheres alimentam esse cenário. “Muitas acreditam que a denúncia não surtirá efeito ou que serão revitimizadas, preferindo o silêncio.” Segundo ela, a aplicação da Lei Maria da Penha, marco legal desde 2006, ainda esbarra na deficiência de acesso às medidas protetivas e na escassez de acolhimento local.

Dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo dão conta de que crimes sexuais violentos na região também cresceram: até março de 2025 foram registrados 175 casos de estupro de vulnerável, um aumento de 22 % em relação ao mesmo período de 2024. Paralelamente, os feminicídios têm registrado alta significativa no estado — no Vale do Paraíba, os homicídios dolosos cresceram 27,7 % em fevereiro de 2025 comparado a janeiro.

A subnotificação compromete não apenas a justiça para as vítimas, mas também a eficácia de políticas públicas e investimentos sociais na região. Casas de acolhimento são escassas — concentradas em São José dos Campos, Taubaté, Caraguatatuba e São Sebastião — e muitas mulheres sequer chegam a procurar esses serviços.

Especialistas ressaltam a urgência de ações que ultrapassem o âmbito jurídico. É necessário promover educação de gênero, empoderamento econômico feminino, além de ampliar a confiança nas instituições de proteção. “É preciso transformar uma legislação robusta em uma rede acolhedora”, afirma Santos.

Sem políticas permanentes e ampliadas de prevenção, além de fortalecimento da autonomia econômica e clareza no funcionamento da rede de proteção, a violência seguirá invisível para o Estado e letal para muitas mulheres. Romper o silêncio exige estrutura, atendimento humano e continuidade — não apenas ações pontuais em datas simbólicas.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Meon, em RMVale

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.